há de se cair do absurdo
de se perder no escuro
de se doer na ausência
de se encontrar na curva
porque a vida é espasmo
é contingência
há de se sujar na lama
e chorar na cama
de mergulhar na fossa
de se banhar de culpa
porque a vida é bossa,
é samba
é salsa
há de se fazer a louca
invernar sem roupa
transpor o sonho
saltar sem asas
porque a vida é pouca
e tanta
e doida
há de se inventar o passo
bordar o laço
rezar no vazio
escolher a tinta
porque a vida cabe no abraço
e é linda
há de se cuidar da ferida
de entender a partida
de se lembrar da imagem
de suportar a agonia
porque a vida é coragem
é viagem
é travessia
Rita Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário.