sexta-feira, 28 de junho de 2013

EU NÃO QUERO MAIS DO MESMO

Em tempo de levantar bandeiras, peço licença para levantar as minhas.

Eu não quero mais automóveis, viadutos, estacionamentos, avenidas, sinais de trânsito, pontes ou anéis rodoviários. Eu quero uma cidade que privilegie os caminhantes e os ciclistas, os corredores de rua, os cadeirantes, os deficientes visuais e os que passeiam com seus animais. Quero uma rua tão humanizada que o termo “morador de rua” perca totalmente seu sentido pejorativo.

Eu não quero mais empresas, indústrias, empregos, agências ou mais vagas em concurso público. Eu quero um mundo onde possamos trabalhar menos, para dedicarmos ao ócio, à contemplação, às artes e aos nossos filhos e livros.

Eu não quero mais hospitais, mais métodos terapêuticos, mais especialistas, mais modalidades de exames, mais planos de saúde e técnicas cirúrgicas. Eu quero um mundo onde a gente adoeça menos, se contamine menos, se estresse menos, se desgaste menos, se acidente menos. Um mundo no qual tenhamos tempo suficiente para nossos afetos e nossos jardins.

Eu não quero mais médicos, professores, advogados, burocratas, psicanalistas, jornalistas, comerciantes, policiais ou motoristas de caminhão. Eu quero é gente. Gente que cante e dance, gente que chore, que acolha, que acaricie os gatos, gente que se indigne e que sonhe.

Eu não quero mais velocidade de conexão, mais sites na internet, mais minutos para falar no celular ou mais “largura de banda”. Eu quero encontros, abraços, conversas na calçada, tardes na praça, almoços em família, piqueniques no bosque, viagens sem pressa e papos de botequim.

Eu não quero mais renda, mais salário, mais oportunidades financeiras, mais PIB, mais linhas de financiamento, mais limite no cartão de crédito ou mais crescimento econômico. Eu quero é um mundo onde o dinheiro seja cada vez menos importante pra gente se sentir feliz.

Eu não quero mais hidrelétricas, mais arranha-céus, mais antenas de telefonia, mais shoppings centers e condomínios. Eu quero que a água, os rios e as árvores retomem para nós a importância que tinham para os primeiros habitantes dessa terra; os povos indígenas.

Eu não quero mais tecnologia, mais produção científica, mais obras monumentais, mais eventos espetaculares, mais programa espacial. Eu quero é poesia, arte, futebol de várzea, jabuticaba chupada no pé e entardeceres diante do mar.

Eu não quero mais igrejas, mais templos religiosos, mais padres ou pastores. Eu não quero mais dogmas ou livros de auto-ajuda. Eu quero um mundo que apenas entenda que o amor é a força mais poderosa do Universo.

Eu não quero mais canais de TV, mais variedades de sabor de pizza, mais modelos de celular, mais grifes de roupas, mais drogas ou remédios, mais conteúdo no jornal, mais cursos de pós-graduação, mais marcas de tênis, mais cores de esmalte ou técnicas de embelezamento. Eu quero viver a experiência da simplicidade e do contentamento.

Nosso mundo tem caminhado desesperadamente na direção desse “querer sempre mais”. Desejamos mais direitos, oportunidades e espaços, tal qual desejamos objetos para consumir. E do excesso deste “mais” há um resto produzido, um lixo, que por mais que queiramos, não poderemos reciclar totalmente. Com esse modo de vida estamos alterando perigosamente nosso ecossistema, afundando severamente nas desigualdades sociais e produzindo injustiça e violência.

Através dos movimentos de massa que se espalham pelo mundo atual – talvez não por acaso chamados de Primaveras – estamos tendo a oportunidade de também fazermos uma escolha, fundamental para a sobrevivência desse nosso planeta e seus habitantes. Precisamos urgentemente nos fazer a seguinte pergunta: Vamos continuar querendo mais?

Eu já fiz minha escolha, e sei que muitos também fizeram. Portanto, na minha bandeira está escrito: EU NÃO QUERO MAIS DO MESMO. Eu não quero mais desse mesmo mundo, quero outro mundo. E essa seria a verdadeira revolução para os nossos tempos.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Carta aberta aos meus filhos adolescentes, sobre a onda de movimentos das últimas semanas.


Meus queridos,

Acredito que a única herança deixada por uma mãe ou um pai que realmente fará diferença na vida de um filho, são exemplos e ensinamentos. Por isso, me dediquei a escrever algumas das coisas que aprendi ao longo da minha história. Esta carta será uma de minhas heranças pra vocês.

Aos 18 e 16 anos vocês estão participando pela primeira vez de uma manifestação na rua. Talvez vocês não saibam, mas me orgulhei muito de encontrá-los naquela manifestação da última quinta-feira, ali, naquela mesma avenida que eu já percorri tantas vezes, em manifestações estudantis, de militância política, nas lutas junto ao sindicato dos professores e em eventos do movimento de luta antimanicomial. Assistir o despertar de vocês me fez chorar de emoção.

Eu despertei, precisamente, em 1989 pouco antes de completar 20 anos, quando me filiei ao PSB (Partido Socialista Brasileiro) e conheci a UJS (União da Juventude Socialista). Neste mesmo ano participei ativamente da campanha do Lula, que se candidatava pela primeira vez à Presidência da República, com o apoio de uma coligação chamada Frente Brasil Popular que agregava PT, PSB e PCdoB. Aquele ano mudou para sempre a minha vida, desde então, nunca mais deixei de participar da política da minha cidade e do meu país.

Desejo profundamente que este movimento não seja para vocês apenas uma espécie de micareta sem banda ou carnaval sem trio-elétrico, mas que nele vocês aprendam sobre participação política, sobre democracia e, sobretudo, sobre a força da coletividade.

Ninguém sabe exatamente de onde veio e para onde vão essas manifestações. Alguém já disse que: “quem entendeu essas manifestações é porque não entendeu nada”. Concordo. Não é possível explicá-la ou nomeá-la, mas, apesar disso, decidi escrever aqui algo do que aprendi e vi nos últimos 24 anos e também nos últimos dias.

A primeira coisa a qual preciso alertá-los é sobre um discurso que tem aparecido muito nas manifestações se dizendo a-partidário ou anti-partidário. Vocês já têm uma boa leitura de historia do Brasil e do Mundo e já estudaram que os sistemas políticos que rejeitam ou rejeitaram os partidos políticos, são os governos totalitários e ditatoriais. Nossa democracia está fundamentada na política partidária, que tem sim suas mazelas, mas sem ela, acreditem, seria muito pior. Portanto, isso que vocês estão ouvindo nas manifestações: “Não queremos partidos, queremos unidos” (ou coisa parecida) até que soa bonito, mas é pura bobagem. Não é possível existir um discurso unificado na democracia. Aliás, a beleza da democracia está exatamente em acolher discursos múltiplos e diversos, mesmo que isso gere conflitos. Essa coisa de discurso único é coisa de fascismo e nazismo. Hitler adorava a ideia de ver sua Alemanha unificada e livre dos diferentes (os judeus), não é mesmo?

Outra bobagem é dizer que esse movimento não tem ideologia. Não é possível fazer NADA sem ideologia. Antes de escovarmos o dente pela manhã vestimos uma ideologia, sendo assim, não é possível nos manifestarmos nas ruas sem ideologia. O problema do discurso ideológico é que ele só fica evidente quando destoa da ideologia dominante, então ele pode se manter silencioso, invisível, mas, não se enganem, ele está lá. É como um camaleão, que se camufla com as cores do ambiente. Então, por meio da nossa participação política é possível apontarmos os modelos ideológicos sob os quais nossa sociedade está assentada, para questioná-los e desconstruí-los, se assim for nossa intenção, mas negá-los serve apenas para manter tudo como está. Por exemplo, somos uma sociedade de ideologia machista e consumista, se alguém afirma que defende uma proposta sem ideologia, não tenha dúvida, é porque tal proposta é machista e/ou consumista.

“Nem direita, nem esquerda, nós vamos é pra frente”. Essa é outra afirmação tola. Direita e esquerda, e todas as nuances possíveis para uma ou outra direção, também correspondem a um discurso ideológico e do qual não podemos fugir. É a mesma tolice de se dizer a-político. Toda proposta política tem uma direção, ainda que não nos demos conta de qual é. Uma dica para vocês saberem se uma proposta está à esquerda ou à direita é fazer a seguinte pergunta: “A quem ela protege ou favorece?” Se a resposta for: “Ela favorece à grande maioria da população (geralmente a mais pobre)”. Então vocês já sabem, ela é uma proposta à esquerda. Mas vamos supor que ela favoreça a uma minoria. Nesse caso, vocês precisam fazer uma segunda pergunta: “Essa minoria faz parte de uma elite privilegiada ou de um grupo ou segmento excluído ou desprivilegiado?”. Se a resposta for: “Minoria desprivilegiada, excluída ou marginalizada” então, essa continua sendo uma proposta à esquerda, caso contrário, trata-se de uma proposta à direita.

Vamos exemplificar. Sobre redução do valor a ser pago no transporte público, uma das pautas das manifestações.
Pergunta: “A quem ela favorece?”
Resposta: “A população que usa transporte público”.
Pergunta: “A quem ela prejudica?”
Resposta: “Os donos de empresas de ônibus que terão que reduzir seus lucros e/ou o governo que terá que reordenar suas contas para financiar a redução”.
Pergunta: “Quem é a maioria?”
Resposta: “A população que usa transporte público.”
Então, bingo, a pauta da redução da tarifa de ônibus é uma proposta à esquerda.

Outro exemplo. Sobre a recente aprovação da PEC que prevê regulamentação dos direitos das empregadas domésticas.
Pergunta: “A quem ela favorece?”
Resposta: “As empregadas domésticas.”
Pergunta: “A quem ela prejudica?”
Resposta: “Os patrões”.
Pergunta: “Quem é a maioria?”
Resposta: “Podemos argumentar que, nesse caso, não temos uma maioria, supondo que temos um patrão para cada empregada, então, vamos para a pergunta seguinte.”
Pergunta: “Quem é o grupo mais desprivilegiado?”
Resposta: “As domésticas”.
Portanto, a PEC das domésticas é uma proposta à esquerda.

Sendo assim, políticas que fortalecem e ampliam os serviços públicos que atendem a maioria da população; políticas de distribuição de renda e redução da desigualdade social; políticas que apoiam e defendem minorias excluídas, como gays, deficientes, doentes mentais e indígenas; políticas que protegem e empoderam segmentos marginalizados e alvos de violência, como mulheres e negros; são todas propostas à esquerda.

Já as políticas que favorecem certos segmentos, grupos ou corporações e, que em geral, já fazem parte de setores privilegiados da sociedade, são políticas à direita. Um bom exemplo de proposta à direita, muito discutida atualmente, é a chamada Lei do Ato Médico. A referida lei funciona para manter o poder e o privilégio da classe médica, em detrimento da autonomia de todos os demais profissionais da saúde (enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, bioquímicos e fisioterapeutas) que certamente, serão prejudicados. Vendas, privatizações e concessões do setor público à empresas ou grupos privados, também são consideradas propostas à direita. E finalmente, propostas que aprofundam a marginalização e o preconceito sobre segmentos já vulneráveis, também são propostas à direita. Agora vocês já sabem para qual lado tendem propostas como “Cura Gay”e redução da maioridade penal, não é? Resumindo, não podemos ir à frente sem antes escolher esquerda ou direita, afinal, toda proposta política tem um viés, podendo inclusive se radicalizar nos dois extremos, daí o termo, extrema direita ou extrema esquerda.

Tenham cuidado com os discursos e as causas que vocês defendem. Muita gente acha que liberdade de expressão é poder manifestar o que “lhe dá na telha”, seja lá o que for. No campo privado essa premissa pode ter sua função, mas se estamos falando de manifestação pública, política e democrática, a liberdade de expressão precisa ganhar um contorno mais responsável. Nessas manifestações vocês vão precisar falar para além das suas próprias convicções intelectuais, religiosas ou morais, o que, não se enganem, não é fácil de fazer. Por exemplo, existe uma abissal diferença entre levantar a bandeira da redução da passagem de ônibus e outra que defenda a “Cura Gay”, por exemplo. Na primeira, vocês favorecem amplamente a maioria da população, na segunda, pelo simples fato de partirem da premissa de que a homossexualidade seja uma doença, um desvio da normalidade, contribuem para acentuar a descriminação contra os homossexuais, o que, invariavelmente, gera violência e opressão a este segmento. Portanto, mesmo que vocês pensem intimamente que a homossexualidade seja mesmo um desvio, precisam aprender a pensar fora do próprio umbigo para exercer a democracia com responsabilidade. Querem uma dica? Quando uma política interferir em algum grupo ou minoria do qual vocês não façam parte, escutem o que os movimentos organizados de tal minoria têm a dizer. Apoiá-los é sempre a melhor decisão.

Cuidado também com palavras de ordem vazias, do tipo: “não à corrupção”, “sim a vida”. Ninguém é a favor da corrupção. Ninguém é contra a vida. Esses discursos são vazios de conteúdo, e, geralmente, servem apenas para despolitizar e empobrecer o debate político. Portanto, se vocês são contra a corrupção, procurem se informar sobre as ações políticas que possam coibi-la, como defender a pauta da urgência da Reforma Política, por exemplo.

Outro cuidado que precisam tomar se refere aos discursos moralistas que se abatem sobre essas manifestações. São pessoas e instâncias que se indignam contra elas porque atrapalham o trânsito, porque impedem que as pessoas cheguem ao trabalho ou em casa, porque levam caos e violência para as ruas, porque degradam os espaços públicos, porque desmontam a ordem estabelecida. O fato é que NENHUMA manifestação de massas pode acontecer sem que alguma espécie de caos ou violência simbólica se instaure. Que tipo de manifestação de motoristas de ônibus funcionaria se não criasse o caos o trânsito? Que tipo de manifestação de professores funcionaria se não criasse um caos para alunos e pais? E nesse caos, invariavelmente, a violência aparece, sim. Mas é obvio que existe uma diferença enorme entre a violência usada para invadir o Congresso Nacional – numa demonstração simbólica de que a casa que lá está é, ou deveria ser, a casa do povo –, e a violência usada na invasão de lojas para fazer saques ou para depredar do Teatro Municipal de São Paulo. Mas enfim, apesar de ser totalmente contrária a qualquer tipo de violência, é puro moralismo desqualificar um movimento social de massa por protagonizar atos violentos.

Existe outro discurso moralista que é muito perigoso para a democracia. Sob essa bandeira higienista de “limpar o Brasil da corrupção”, fica implícito um discurso perigoso. Já que os políticos e os partidos estão todos contaminados pela corrupção, então só nos resta acabar com eles. O golpe de 1964, que inaugurou um período de ditadura cruel e sangrenta, começou pela cassação de parlamentares e pela dissolução dos partidos políticos. Portanto, precisamos sim, criar mecanismos que evitem, coíbam e punam a corrupção, mas, também precisamos entender que não há como esterilizar a política. Vocês assistiram à trilogia do Senhor dos Anéis, assistimos juntos, aliás, e vocês viram que, durante o filme, muitas personagens são corrompidas pelo Anel do Poder. Mas a tragédia explorada no filme é que é preciso colocar o anel no dedo para saber-se imune ou não ao seu efeito, ou seja, antes de usar o anel ninguém está certo de ser corrompido por ele ou não. Entendo que essa metáfora pode ser transcrita para a política. Não podemos prever quem irá fazer mau uso do poder que lhe conferirmos. Mas, por outro lado, podemos criar mecanismos, estratégias e linhas de fuga que sejam capazes de proteger e resguardar o anel do poder, assim como faz Frodo durante toda a trilogia. Quem sabe nós devamos encarnar Frodo? Vigilantes, inteligentes e destemidos na proteção do Anel do Poder.

Assistam ao filme A Onda (2008) do diretor Dennis Gansel. Vocês verão que a massa é uma força poderosíssima. A favor da democracia ela pode ser uma ferramenta potente, mas para isso, precisa ser mais que um “estouro da boidada”, onde todo mundo repete o que ouve, sem crítica e questionamentos. Cuidado para não servirem apenas como massa de manobra. Não se posicionem contra ou a favor da PEC 37, por exemplo, sem antes saberem o que é a PEC 37. Se interessar a vocês se posicionarem sobre algum tema levantado e sobre o qual vocês não tenham conhecimento, perguntem, procurem saber, leiam, pesquisem os argumentos contra e a favor, para formarem uma opinião consciente. Antes disso, é preferível se abster de tomar uma posição do que seguir apenas o “estouro da boiada”.

Não sejam ingênuos. A polícia estará presente nessas manifestações para tentar restabelecer e manter a ordem pública e para evitar o caos, este é o papel dela. Obviamente que ela pode ser mais ou menos truculenta e violenta (e a nossa polícia é historicamente truculenta), mas não sejam tolos, ela não poderá participar do movimento do mesmo lugar que vocês. E se vocês assistirem ou forem alvo da violência das polícias, não exagerem no drama, saibam que a periferia, os negros, os pobres, os índios, já são alvo dessa violência há muito tempo. Então, essa experiência pode levantar um bom tema para discussão: a desmilitarização da polícia.

Também não esperem que os representantes do poder executivo (prefeitos, governadores ou a presidente) aplaudam de pé o movimento ou se juntem a ele. Mesmo que as concepções e ideologias desses líderes sejam concordantes com as reivindicações propostas, ou com sua própria luta histórica, eles estarão vivendo um incômodo enorme e precisarão entoar discursos e propor intervenções que reduzam tal incômodo. Entendam. Eu desobedeci meus pais inúmeras vezes, mas isso não quer dizer que, por isso, eu não me incomode quando vocês me desobedecem. Eu posso até compreender a desobediência de vocês, conversar e negociar sobre ela, mas estejam certos, ela me causará incômodo e mal-estar. Então não sejam ridículos em esperar que nossos líderes, seus aliados e parceiros, achem tudo lindo e maravilhoso. A diferença é que os lideres mais sábios saberão fazer bom uso dos movimentos, acolhendo as pautas importantes para o Município, para o Estado ou para a Nação. Os tolos criminalizarão os movimentos e tentarão restabelecer a ordem com mão de ferro.

Bem, depois de tudo isso que eu relatei aqui, obviamente que vocês já entenderam que eu sou uma militante de esquerda. Sim, sou, e das que se orgulha das bandeiras que levantou e das lutas que travou. Sendo assim, reitero a vocês que, seja lá para onde seguir esse movimento, é para a esquerda que eu vou continuar minha caminhada. Seguirei sempre em favor da maioria, dos mais pobres, dos mais frágeis e dos mais vulneráveis. E também sei que lá estarão todos os Partidos Políticos que também abraçam a mesma causa que eu, e alguns deles estão na luta há muito tempo. Sei que alguns desses Partidos seguirão inteiros e que outros se partirão mais uma vez. Lá também estarão os políticos que verdadeiramente se elegeram para representar o povo mais pobre e oprimido, com ou sem seus partidos. Lá estarão os movimentos sociais que se preocupam com exclusão, a miséria e as injustiças sociais. Lá estarão os sindicatos, as organizações de classe e os movimentos estudantis que realmente desejam um Brasil mais justo e igualitário. Lá estarão os segmentos religiosos que pregam a liberdade e a justiça social. Lá estará, com certeza, o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), maior e mais legítimo movimento social deste país, e que está em marcha desde 1984, quase sempre sem contar com a simpatia da mídia e da população em geral. Lá estarão velhos companheiros de luta e outros tantos que ainda irei conhecer, e desejo que vocês também estejam lá, caminhando em frente, mas não se esqueçam, sempre à esquerda.

Com amor,

Mamãe