quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Eu ando me vestindo de horizontes
De incêndios sem trégua
De espaços intermitentes
De restos de ontem
Me vestindo com as cores da fome
De manhãs com cheiro de livro novo
Com a melancolia do inverno
E a insanidade da juventude

Eu ando me despindo das moradas cinzentas
E da certeza do espelho
Das mentiras que me satisfazem
Me despindo das regras expostas nos quadros de aviso
Das viagens que eu nunca farei
Das margens sem música
E das músicas feitas com a mesmice

Eu ando colhendo vazios
Espasmos
Silêncios
Feridas de repetição
Alegrias febris
Ilusões sem esperança
Verdades ardidas

Por fim
Eu tenho esperado por primaveras
Por sorte
Bagagens leves
Batalhas amenas
E lembranças que eu não queira esquecer

Rita Almeida