segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Eu também amo a Luciana Genro e o Eduardo Jorge!

Eu também amo a Luciana Genro e o Eduardo Jorge! Adoraria viver num Brasil onde o discurso deles não fosse possível apenas porque sabem que não tem chance de ganhar. Ou seja, adoraria que suas propostas representassem a realidade do pensamento de uma fatia grande de brasileiros. O discurso de Luciana e Eduardo habitam o meu ideal de Brasil.

Todavia, não se faz política com o ideal, mas com o real. Também não se faz política apenas com os iguais, os que pensam ou tem direções semelhantes. A política nasceu exatamente para evitar a guerra, para negociar acordos diante de posições divergentes, para tentar um caminho comum possível diante da diversidade de interesses e opiniões. A política está para a linguagem assim como a guerra está para a passagem ao ato. Fazemos uso da linguagem para não partirmos para as "vias de fato" e fazemos uso da política para não partirmos pra guerra.

Sendo assim, Luciana e Eduardo são fundamentais para o debate político, mas precisamos ter clareza de que só podem ser tão originais porque são feitos para provocar e levantar os temas polêmicos e não necessariamente para possibilitar uma via política possível dentro da nossa realidade brasileira atual. Para dar um exemplo, segundo uma pesquisa recente do Ibope, quase 80% da população é contrária à legalização do aborto ou das drogas e a favor da redução da maioridade penal e 53% não apoiam as bandeiras do movimento gay. Ou seja, se Luciana e Eduardo quisessem mesmo serem eleitos, infelizmente, não poderiam ser tão claros e diretos em suas convicções e teriam, sim que negociar apoio e parcerias com os que têm pensamentos divergentes deles o que, certamente, contaminaria suas propostas e projetos. E entendam, isso não seria necessariamente uma traição ou canalhice, mas simplesmente modos de alcançar o que é possível dentro daquilo que se pensa ser o ideal; é dessa matéria prima que se faz a política.

Enfim, a política é pura poesia quando é feita entre iguais, mas só é mesmo fundamental quando é feita com os diferentes. E esse é o grande desafio.

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