por Rita de Cássia A Almeida
torcedora brasileira, amante de futebol
Sou a favor de eleições diretas para técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Seria o auge da nossa democracia. As plataformas dos candidatos seriam do tipo: “Se eu for eleito, convocarei o Ganso e o Neimar”. “Sob meu comando, os treinos serão abertos e todas as redes de TV terão igualdade de oportunidade na cobertura dos bastidores dos campeonatos”. “Eu prometo nunca mais permitir que elejam Fátima Bernardes como musa da Copa”. E outras promessas desse tipo. Tenho pra mim que a campanha dessa eleição seria sucesso de participação e dedicação do povo brasileiro em escolher o melhor candidato. Imagine se entregaríamos nossa amada seleção na mão de um aventureiro qualquer? O passado dos candidatos seria investigado a exaustão. Discutiríamos seus métodos de trabalho, suas preferências, seus esquemas táticos e disciplinares na condução dos trabalhos.
Dizem que brasileiro não tem memória. Isso não é verdade! Pelo menos, não quando falamos de futebol. Alguém se esquece da escalação da “seleção dos sonhos” de 82, que acabou tropeçando na Itália? E do nome dos nossos maiores carrascos? Rossi, Zidane, Thierry Henry - só pra citar os mais recentes. E da “arrumadinha no meião” do Roberto Carlos, retrato do vexame de 2006? Eu tenho lembranças da copa de 70, só de ouvir meu pai contar e assistindo as reprises na TV, já que tinha apenas 1 ano de idade na ocasião. E se memória nos torna capazes de não cometermos erros repetidos, nossa capacidade de escolher o melhor técnico para a seleção, então, aumenta muito.
Seguindo o estilo Macunaíma também temos fama de sermos um povo moralmente flexível. Tudo é perdoável: traição, corrupção e safadezas das mais diversas. Só não arredamos o pé de nossas convicções morais em certas situações: jogo feio, passe errado, gol perdido e falta de raça. Ah, não! Isso é imperdoável!
Sendo assim, continuo na defesa da consulta popular para escolher o técnico da Seleção. Encerrada a Copa do Mundo, daríamos o pontapé inicial da campanha para as eleições do comandante do nosso exército de chuteiras pelos próximos quatro anos. Ou dois, caso a coisa desande demais. Poderíamos até aproveitar a organização já montada para as eleições de outubro, sempre coincidentes com o ano da Copa do Mundo. A cédula eletrônica ficaria nesta ordem: Técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Presidente, Senador, Deputado, e assim por diante. A partir deste dia as eleições poderiam deixar de ser obrigatórias. Quem vai ser o doido ou alienado de não defender suas convicções futebolísticas nas urnas? E depois deste primeiro ensaio verdadeiramente democrático, receio que o povo, consolidando de vez nossa jovem democracia, também exigiria ser consultado para escalar a seleção. Cada um teria a oportunidade de votar em seu time de preferência para nos representar diante do mundo. Seria a gloria! Eu já tenho a minha seleção na ponta da língua. E você?
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