Nicolau Copérnico comprova que a Terra não é o centro do Universo, e hoje sabemos que ela é apenas um grão de areia no infinito
Charles Darwin desbanca o Ser Humano do centro da criação; somos apenas uma das milhares de espécie neste planeta
Freud avisa: “o eu não é senhor da sua casa” pois, há inconsciente, ou seja, nem nosso “Eu” somos capazes de comandar totalmente
Marx deixa bem explicadinho que a história não tem uma única versão, ela vai depender da ideologia que você professa ou da classe social a que você pertence
Einstein se encarrega de desconstruir até mesmo a noção de tempo e espaço na física, que para ele são relativos, vão depender do observador
Isso pra dizer que temos todos os instrumentos e motivos pra recolher pelo menos um pouquinho do nosso ego ao andar por aí. Mas o que esperar de gente que não se deixou atravessar nem por Copérnico?
Aliás, tem gente que parece não ter alcançado nem a teoria geocêntrica de Ptolomeu (anterior a Copérnico) e age como se o Universo girasse, não em torno da Terra, mas em torno do próprio umbigo.
Ne não?
Rita Almeida
terça-feira, 23 de maio de 2017
Para o humano a maternidade, tal como a paternidade, não é um fato biológico, mas simbólico. Ou seja, nem toda mãe precisa parir, nem todo pai precisa conceber, entretanto, todo pai e toda mãe precisam adotar e todo filho precisa ser adotado.
Certa vez, minha filha caçula me ensinou isso sobre ser mãe ou ser pai. Ela devia ter uns 4 anos e chamou pelo pai. Ele respondeu perguntando, em tom de brincadeira: - Eu? Seu pai? Como é que você sabe que eu sou seu pai, menina? E ela rapidamente responde: - Por que você chegou primeiro lá no hospital quando eu nasci da minha mãe e disse pro médico: “essa aí é minha filha”.
Rimos muito na ocasião mas é exatamente disso que se trata a maternidade ou a paternidade. Mãe ou pai são aqueles que se autorizam a sê-los, que assumem para si a tarefa inicial de falar de uma outra vida. É a palavra que faz um pai e uma mãe e não os corpos envolvidos no processo.
Eu diria então que mãe e pai são aqueles que vão ocupar a função de dizerem “sim” a uma criança. Ao longo da vida todos receberemos uma infinidade de “nãos” – “nãos” importantíssimos, inclusive – mas o “sim” é o fundamento de tudo. Todo sujeito precisa de um “sim” para ingressar nesse mundo.
Uma mãe, talvez, seja esse “sim” primordial.
Feliz dia a todos e todas que se dispuseram a dizer “sim” para um outro ser.
Rita Almeida
publicado no dia das mães
Certa vez, minha filha caçula me ensinou isso sobre ser mãe ou ser pai. Ela devia ter uns 4 anos e chamou pelo pai. Ele respondeu perguntando, em tom de brincadeira: - Eu? Seu pai? Como é que você sabe que eu sou seu pai, menina? E ela rapidamente responde: - Por que você chegou primeiro lá no hospital quando eu nasci da minha mãe e disse pro médico: “essa aí é minha filha”.
Rimos muito na ocasião mas é exatamente disso que se trata a maternidade ou a paternidade. Mãe ou pai são aqueles que se autorizam a sê-los, que assumem para si a tarefa inicial de falar de uma outra vida. É a palavra que faz um pai e uma mãe e não os corpos envolvidos no processo.
Eu diria então que mãe e pai são aqueles que vão ocupar a função de dizerem “sim” a uma criança. Ao longo da vida todos receberemos uma infinidade de “nãos” – “nãos” importantíssimos, inclusive – mas o “sim” é o fundamento de tudo. Todo sujeito precisa de um “sim” para ingressar nesse mundo.
Uma mãe, talvez, seja esse “sim” primordial.
Feliz dia a todos e todas que se dispuseram a dizer “sim” para um outro ser.
Rita Almeida
publicado no dia das mães
É obvio que a luta que travamos hoje, ilustrada com essa cinematografia no depoimento de Lula a Moro, é de longe aquela que gostaríamos de travar. Esteticamente não é uma luta das mais belas e eticamente não é a das mais legítimas, mas é a luta que temos. É a luta possível no momento. Claro que me preocupa uma “religiosidade camuflada” presente nos atos em Curitiba e de longe gostaria de resgatar um Sebastianismo recalcado que sempre retorna, nem na figura do Lula, nem na do Moro. (Nesse caso, cada um que escolha seu Salvador). Mas me incomoda ainda mais a posição de alguns “intelectuais isentões ” que, do alto da sua arrogância e preocupação com a higiene, têm se dedicado a menosprezar a luta dos que estão no chão do campo de batalha. É fácil assistir tudo de camarote VIP, com uma taça de vinho nas mãos e MPB na vitrola, e se dedicar apontar as feiuras que aparecem. Quem não se dispõe a sujar as mãos, os pés ou a dignidade no campo de batalha devia ao menos ficar com a boca e o teclado calados. Saco cheio de gente limpinha e cheirosa! Zaratustra-Nietzsche me entenderia. Acabei de acender uma vela pra ele.
Rita Almeida
Rita Almeida
12 medos da atualidade (virtuais)
1. Fulano marcou você em uma foto
2. Correntes de Whatsapp
3. Audios de 3 mim
4. Copie e cole no seu mural
5. Deixe aqui seu amém
6. Oi sumida
7. Fulano disse que estava com você e outras 44 pessoas
8. "Mim" adiciona no face
9. Carinhas do snapchat (qualquer uma)
10. Fulano está ao vivo
11. Figurinhas de bom dia
12. Te adicionaram em mais um grupo de Whatsapp
* Só não tenho medo de textão por que eu adoro escrever um 🤗
Rita Almeida
1. Fulano marcou você em uma foto
2. Correntes de Whatsapp
3. Audios de 3 mim
4. Copie e cole no seu mural
5. Deixe aqui seu amém
6. Oi sumida
7. Fulano disse que estava com você e outras 44 pessoas
8. "Mim" adiciona no face
9. Carinhas do snapchat (qualquer uma)
10. Fulano está ao vivo
11. Figurinhas de bom dia
12. Te adicionaram em mais um grupo de Whatsapp
* Só não tenho medo de textão por que eu adoro escrever um 🤗
Rita Almeida
Linchamento virtual também é linchamento.
Linchamento em nome de qualquer causa, seja ela a mais nobre, continua sendo linchamento.
Linchamento é sempre cruel, seja vindo da esquerda, da direita, de baixo ou de cima
E linchamento nunca, nunca é justificável.
Dito isso, quero ainda dizer que esse tribunal das redes me deixa muito indignada e triste, ainda mais quando ele se dispõe a atacar aqueles que estão lutando do "mesmo lado", ainda que de forma atrapalhada ou equivocada, às vezes. O chamado "fogo amigo" é infantil mas, sobretudo, um desperdício estúpido de munição quando há tantas lutas difíceis a travar.
Freud chamava essas pequenas desavenças entre iguais de "narcisismo das pequenas diferenças". É isso o que nos torna mais suscetíveis a odiar os argentinos e não os japoneses, por exemplo. Já os japoneses preferem odiar os coreanos. Curiosamente, nosso incomodo com as diferenças são tanto maiores quanto mais o outro se assemelha a nós. O outro, nesse caso, funciona como uma espécie de espelho que potencializa em seu reflexo aquilo que nos incomoda em nós. Trata-se de um outro que na verdade sou eu. E sabemos que ninguém pode ser mais cruel ao reparar uma espinha na testa do que o próprio dono da testa.
Apenas essa teoria é capaz de explicar o fato de alguns movimentos sociais e/ou de minorias, tão importantes e fundamentais para nossas bandeiras de esquerda, se ocuparem de atacar com mais veemência e contundência aqueles que se apresentam com discursos mais parecidos e mais próximos.
Nos torna capazes, por exemplo, de nos incomodarmos mais com o machismo que comparece numa carta de amor do Duvivier do que na politica defendida por Bolsonaro na Câmara dos Deputados. De nos ocuparmos em problematizar o uso de turbantes por mulheres brancas, num país que mata e encarcera sua população negra sem a menor culpa ou cerimônia. De lincharmos a professora Elika Takimoto por um post que pode até apresentar alguns equívocos na hora de defender a política de cotas, quando temos em curso uma politica educacional que caminha não apenas na direção de acabar com as cotas, mas também com o ensino público superior.
Hoje soube que a tal Reforma Trabalhista, na pauta deste governo de absurdos, resgata a possibilidade de moradia e alimentação contarem como parte do salário do trabalhador rural. Isso se parece com o modelo escravocrata, gente! Isso é bizarro! Inadmissível! Vocês tem mesmo certeza que vão gastar tempo, saliva e o tesão de vocês problematizando as espinhas na própria testa?
E lembrando: linchar não é uma estratégia aceitável sob nenhuma hipótese.
Rita Almeida
Linchamento em nome de qualquer causa, seja ela a mais nobre, continua sendo linchamento.
Linchamento é sempre cruel, seja vindo da esquerda, da direita, de baixo ou de cima
E linchamento nunca, nunca é justificável.
Dito isso, quero ainda dizer que esse tribunal das redes me deixa muito indignada e triste, ainda mais quando ele se dispõe a atacar aqueles que estão lutando do "mesmo lado", ainda que de forma atrapalhada ou equivocada, às vezes. O chamado "fogo amigo" é infantil mas, sobretudo, um desperdício estúpido de munição quando há tantas lutas difíceis a travar.
Freud chamava essas pequenas desavenças entre iguais de "narcisismo das pequenas diferenças". É isso o que nos torna mais suscetíveis a odiar os argentinos e não os japoneses, por exemplo. Já os japoneses preferem odiar os coreanos. Curiosamente, nosso incomodo com as diferenças são tanto maiores quanto mais o outro se assemelha a nós. O outro, nesse caso, funciona como uma espécie de espelho que potencializa em seu reflexo aquilo que nos incomoda em nós. Trata-se de um outro que na verdade sou eu. E sabemos que ninguém pode ser mais cruel ao reparar uma espinha na testa do que o próprio dono da testa.
Apenas essa teoria é capaz de explicar o fato de alguns movimentos sociais e/ou de minorias, tão importantes e fundamentais para nossas bandeiras de esquerda, se ocuparem de atacar com mais veemência e contundência aqueles que se apresentam com discursos mais parecidos e mais próximos.
Nos torna capazes, por exemplo, de nos incomodarmos mais com o machismo que comparece numa carta de amor do Duvivier do que na politica defendida por Bolsonaro na Câmara dos Deputados. De nos ocuparmos em problematizar o uso de turbantes por mulheres brancas, num país que mata e encarcera sua população negra sem a menor culpa ou cerimônia. De lincharmos a professora Elika Takimoto por um post que pode até apresentar alguns equívocos na hora de defender a política de cotas, quando temos em curso uma politica educacional que caminha não apenas na direção de acabar com as cotas, mas também com o ensino público superior.
Hoje soube que a tal Reforma Trabalhista, na pauta deste governo de absurdos, resgata a possibilidade de moradia e alimentação contarem como parte do salário do trabalhador rural. Isso se parece com o modelo escravocrata, gente! Isso é bizarro! Inadmissível! Vocês tem mesmo certeza que vão gastar tempo, saliva e o tesão de vocês problematizando as espinhas na própria testa?
E lembrando: linchar não é uma estratégia aceitável sob nenhuma hipótese.
Rita Almeida
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