Para o humano a maternidade, tal como a paternidade, não é um fato biológico, mas simbólico. Ou seja, nem toda mãe precisa parir, nem todo pai precisa conceber, entretanto, todo pai e toda mãe precisam adotar e todo filho precisa ser adotado.
Certa vez, minha filha caçula me ensinou isso sobre ser mãe ou ser pai. Ela devia ter uns 4 anos e chamou pelo pai. Ele respondeu perguntando, em tom de brincadeira: - Eu? Seu pai? Como é que você sabe que eu sou seu pai, menina? E ela rapidamente responde: - Por que você chegou primeiro lá no hospital quando eu nasci da minha mãe e disse pro médico: “essa aí é minha filha”.
Rimos muito na ocasião mas é exatamente disso que se trata a maternidade ou a paternidade. Mãe ou pai são aqueles que se autorizam a sê-los, que assumem para si a tarefa inicial de falar de uma outra vida. É a palavra que faz um pai e uma mãe e não os corpos envolvidos no processo.
Eu diria então que mãe e pai são aqueles que vão ocupar a função de dizerem “sim” a uma criança. Ao longo da vida todos receberemos uma infinidade de “nãos” – “nãos” importantíssimos, inclusive – mas o “sim” é o fundamento de tudo. Todo sujeito precisa de um “sim” para ingressar nesse mundo.
Uma mãe, talvez, seja esse “sim” primordial.
Feliz dia a todos e todas que se dispuseram a dizer “sim” para um outro ser.
Rita Almeida
publicado no dia das mães
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