Ao longo da vida fui perdendo muitas das ilusões que tinha a respeito da liberdade. Entendo hoje que o conceito de liberdade é um tanto quanto restrito para nós, humanos, que dependemos da linguagem para significar o mundo. Falar, dizer, escrever - representar o real de algum modo - é sempre um esforço de submissão, de queda, de perda de liberdade, mas, paradoxalmente, nossa única via de libertação. A mesma linguagem que nos limita, nos possibilita. Dizer é nossa tragédia e nossa salvação.
Assim sendo, a única liberdade que hoje me interessa e me seduz é a de poder pensar e escrever da forma mais livre que conseguir; olhando para fora da minha caixinha e apartada do conforto do meu sofá. Pensar se tornou uma espécie de estilo vida e escrever meu verdadeiro ofício. A linguagem que me constitui e me castra, também se tornou o instrumento que me permite voar em liberdade.
Só me agrada o que escrevo quando não sou livre e sou livre; as duas coisas ao mesmo tempo.
Rita Almeida
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