Nicolau Copérnico comprova que a Terra não é o centro do Universo, e hoje sabemos que ela é apenas um grão de areia no infinito
Charles Darwin desbanca o Ser Humano do centro da criação; somos apenas uma das milhares de espécie neste planeta
Freud avisa: “o eu não é senhor da sua casa” pois, há inconsciente, ou seja, nem nosso “Eu” somos capazes de comandar totalmente
Marx deixa bem explicadinho que a história não tem uma única versão, ela vai depender da ideologia que você professa ou da classe social a que você pertence
Einstein se encarrega de desconstruir até mesmo a noção de tempo e espaço na física, que para ele são relativos, vão depender do observador
Isso pra dizer que temos todos os instrumentos e motivos pra recolher pelo menos um pouquinho do nosso ego ao andar por aí. Mas o que esperar de gente que não se deixou atravessar nem por Copérnico?
Aliás, tem gente que parece não ter alcançado nem a teoria geocêntrica de Ptolomeu (anterior a Copérnico) e age como se o Universo girasse, não em torno da Terra, mas em torno do próprio umbigo.
Ne não?
Rita Almeida
terça-feira, 23 de maio de 2017
Para o humano a maternidade, tal como a paternidade, não é um fato biológico, mas simbólico. Ou seja, nem toda mãe precisa parir, nem todo pai precisa conceber, entretanto, todo pai e toda mãe precisam adotar e todo filho precisa ser adotado.
Certa vez, minha filha caçula me ensinou isso sobre ser mãe ou ser pai. Ela devia ter uns 4 anos e chamou pelo pai. Ele respondeu perguntando, em tom de brincadeira: - Eu? Seu pai? Como é que você sabe que eu sou seu pai, menina? E ela rapidamente responde: - Por que você chegou primeiro lá no hospital quando eu nasci da minha mãe e disse pro médico: “essa aí é minha filha”.
Rimos muito na ocasião mas é exatamente disso que se trata a maternidade ou a paternidade. Mãe ou pai são aqueles que se autorizam a sê-los, que assumem para si a tarefa inicial de falar de uma outra vida. É a palavra que faz um pai e uma mãe e não os corpos envolvidos no processo.
Eu diria então que mãe e pai são aqueles que vão ocupar a função de dizerem “sim” a uma criança. Ao longo da vida todos receberemos uma infinidade de “nãos” – “nãos” importantíssimos, inclusive – mas o “sim” é o fundamento de tudo. Todo sujeito precisa de um “sim” para ingressar nesse mundo.
Uma mãe, talvez, seja esse “sim” primordial.
Feliz dia a todos e todas que se dispuseram a dizer “sim” para um outro ser.
Rita Almeida
publicado no dia das mães
Certa vez, minha filha caçula me ensinou isso sobre ser mãe ou ser pai. Ela devia ter uns 4 anos e chamou pelo pai. Ele respondeu perguntando, em tom de brincadeira: - Eu? Seu pai? Como é que você sabe que eu sou seu pai, menina? E ela rapidamente responde: - Por que você chegou primeiro lá no hospital quando eu nasci da minha mãe e disse pro médico: “essa aí é minha filha”.
Rimos muito na ocasião mas é exatamente disso que se trata a maternidade ou a paternidade. Mãe ou pai são aqueles que se autorizam a sê-los, que assumem para si a tarefa inicial de falar de uma outra vida. É a palavra que faz um pai e uma mãe e não os corpos envolvidos no processo.
Eu diria então que mãe e pai são aqueles que vão ocupar a função de dizerem “sim” a uma criança. Ao longo da vida todos receberemos uma infinidade de “nãos” – “nãos” importantíssimos, inclusive – mas o “sim” é o fundamento de tudo. Todo sujeito precisa de um “sim” para ingressar nesse mundo.
Uma mãe, talvez, seja esse “sim” primordial.
Feliz dia a todos e todas que se dispuseram a dizer “sim” para um outro ser.
Rita Almeida
publicado no dia das mães
É obvio que a luta que travamos hoje, ilustrada com essa cinematografia no depoimento de Lula a Moro, é de longe aquela que gostaríamos de travar. Esteticamente não é uma luta das mais belas e eticamente não é a das mais legítimas, mas é a luta que temos. É a luta possível no momento. Claro que me preocupa uma “religiosidade camuflada” presente nos atos em Curitiba e de longe gostaria de resgatar um Sebastianismo recalcado que sempre retorna, nem na figura do Lula, nem na do Moro. (Nesse caso, cada um que escolha seu Salvador). Mas me incomoda ainda mais a posição de alguns “intelectuais isentões ” que, do alto da sua arrogância e preocupação com a higiene, têm se dedicado a menosprezar a luta dos que estão no chão do campo de batalha. É fácil assistir tudo de camarote VIP, com uma taça de vinho nas mãos e MPB na vitrola, e se dedicar apontar as feiuras que aparecem. Quem não se dispõe a sujar as mãos, os pés ou a dignidade no campo de batalha devia ao menos ficar com a boca e o teclado calados. Saco cheio de gente limpinha e cheirosa! Zaratustra-Nietzsche me entenderia. Acabei de acender uma vela pra ele.
Rita Almeida
Rita Almeida
12 medos da atualidade (virtuais)
1. Fulano marcou você em uma foto
2. Correntes de Whatsapp
3. Audios de 3 mim
4. Copie e cole no seu mural
5. Deixe aqui seu amém
6. Oi sumida
7. Fulano disse que estava com você e outras 44 pessoas
8. "Mim" adiciona no face
9. Carinhas do snapchat (qualquer uma)
10. Fulano está ao vivo
11. Figurinhas de bom dia
12. Te adicionaram em mais um grupo de Whatsapp
* Só não tenho medo de textão por que eu adoro escrever um 🤗
Rita Almeida
1. Fulano marcou você em uma foto
2. Correntes de Whatsapp
3. Audios de 3 mim
4. Copie e cole no seu mural
5. Deixe aqui seu amém
6. Oi sumida
7. Fulano disse que estava com você e outras 44 pessoas
8. "Mim" adiciona no face
9. Carinhas do snapchat (qualquer uma)
10. Fulano está ao vivo
11. Figurinhas de bom dia
12. Te adicionaram em mais um grupo de Whatsapp
* Só não tenho medo de textão por que eu adoro escrever um 🤗
Rita Almeida
Linchamento virtual também é linchamento.
Linchamento em nome de qualquer causa, seja ela a mais nobre, continua sendo linchamento.
Linchamento é sempre cruel, seja vindo da esquerda, da direita, de baixo ou de cima
E linchamento nunca, nunca é justificável.
Dito isso, quero ainda dizer que esse tribunal das redes me deixa muito indignada e triste, ainda mais quando ele se dispõe a atacar aqueles que estão lutando do "mesmo lado", ainda que de forma atrapalhada ou equivocada, às vezes. O chamado "fogo amigo" é infantil mas, sobretudo, um desperdício estúpido de munição quando há tantas lutas difíceis a travar.
Freud chamava essas pequenas desavenças entre iguais de "narcisismo das pequenas diferenças". É isso o que nos torna mais suscetíveis a odiar os argentinos e não os japoneses, por exemplo. Já os japoneses preferem odiar os coreanos. Curiosamente, nosso incomodo com as diferenças são tanto maiores quanto mais o outro se assemelha a nós. O outro, nesse caso, funciona como uma espécie de espelho que potencializa em seu reflexo aquilo que nos incomoda em nós. Trata-se de um outro que na verdade sou eu. E sabemos que ninguém pode ser mais cruel ao reparar uma espinha na testa do que o próprio dono da testa.
Apenas essa teoria é capaz de explicar o fato de alguns movimentos sociais e/ou de minorias, tão importantes e fundamentais para nossas bandeiras de esquerda, se ocuparem de atacar com mais veemência e contundência aqueles que se apresentam com discursos mais parecidos e mais próximos.
Nos torna capazes, por exemplo, de nos incomodarmos mais com o machismo que comparece numa carta de amor do Duvivier do que na politica defendida por Bolsonaro na Câmara dos Deputados. De nos ocuparmos em problematizar o uso de turbantes por mulheres brancas, num país que mata e encarcera sua população negra sem a menor culpa ou cerimônia. De lincharmos a professora Elika Takimoto por um post que pode até apresentar alguns equívocos na hora de defender a política de cotas, quando temos em curso uma politica educacional que caminha não apenas na direção de acabar com as cotas, mas também com o ensino público superior.
Hoje soube que a tal Reforma Trabalhista, na pauta deste governo de absurdos, resgata a possibilidade de moradia e alimentação contarem como parte do salário do trabalhador rural. Isso se parece com o modelo escravocrata, gente! Isso é bizarro! Inadmissível! Vocês tem mesmo certeza que vão gastar tempo, saliva e o tesão de vocês problematizando as espinhas na própria testa?
E lembrando: linchar não é uma estratégia aceitável sob nenhuma hipótese.
Rita Almeida
Linchamento em nome de qualquer causa, seja ela a mais nobre, continua sendo linchamento.
Linchamento é sempre cruel, seja vindo da esquerda, da direita, de baixo ou de cima
E linchamento nunca, nunca é justificável.
Dito isso, quero ainda dizer que esse tribunal das redes me deixa muito indignada e triste, ainda mais quando ele se dispõe a atacar aqueles que estão lutando do "mesmo lado", ainda que de forma atrapalhada ou equivocada, às vezes. O chamado "fogo amigo" é infantil mas, sobretudo, um desperdício estúpido de munição quando há tantas lutas difíceis a travar.
Freud chamava essas pequenas desavenças entre iguais de "narcisismo das pequenas diferenças". É isso o que nos torna mais suscetíveis a odiar os argentinos e não os japoneses, por exemplo. Já os japoneses preferem odiar os coreanos. Curiosamente, nosso incomodo com as diferenças são tanto maiores quanto mais o outro se assemelha a nós. O outro, nesse caso, funciona como uma espécie de espelho que potencializa em seu reflexo aquilo que nos incomoda em nós. Trata-se de um outro que na verdade sou eu. E sabemos que ninguém pode ser mais cruel ao reparar uma espinha na testa do que o próprio dono da testa.
Apenas essa teoria é capaz de explicar o fato de alguns movimentos sociais e/ou de minorias, tão importantes e fundamentais para nossas bandeiras de esquerda, se ocuparem de atacar com mais veemência e contundência aqueles que se apresentam com discursos mais parecidos e mais próximos.
Nos torna capazes, por exemplo, de nos incomodarmos mais com o machismo que comparece numa carta de amor do Duvivier do que na politica defendida por Bolsonaro na Câmara dos Deputados. De nos ocuparmos em problematizar o uso de turbantes por mulheres brancas, num país que mata e encarcera sua população negra sem a menor culpa ou cerimônia. De lincharmos a professora Elika Takimoto por um post que pode até apresentar alguns equívocos na hora de defender a política de cotas, quando temos em curso uma politica educacional que caminha não apenas na direção de acabar com as cotas, mas também com o ensino público superior.
Hoje soube que a tal Reforma Trabalhista, na pauta deste governo de absurdos, resgata a possibilidade de moradia e alimentação contarem como parte do salário do trabalhador rural. Isso se parece com o modelo escravocrata, gente! Isso é bizarro! Inadmissível! Vocês tem mesmo certeza que vão gastar tempo, saliva e o tesão de vocês problematizando as espinhas na própria testa?
E lembrando: linchar não é uma estratégia aceitável sob nenhuma hipótese.
Rita Almeida
Ao longo da vida fui perdendo muitas das ilusões que tinha a respeito da liberdade. Entendo hoje que o conceito de liberdade é um tanto quanto restrito para nós, humanos, que dependemos da linguagem para significar o mundo. Falar, dizer, escrever - representar o real de algum modo - é sempre um esforço de submissão, de queda, de perda de liberdade, mas, paradoxalmente, nossa única via de libertação. A mesma linguagem que nos limita, nos possibilita. Dizer é nossa tragédia e nossa salvação.
Assim sendo, a única liberdade que hoje me interessa e me seduz é a de poder pensar e escrever da forma mais livre que conseguir; olhando para fora da minha caixinha e apartada do conforto do meu sofá. Pensar se tornou uma espécie de estilo vida e escrever meu verdadeiro ofício. A linguagem que me constitui e me castra, também se tornou o instrumento que me permite voar em liberdade.
Só me agrada o que escrevo quando não sou livre e sou livre; as duas coisas ao mesmo tempo.
Rita Almeida
Assim sendo, a única liberdade que hoje me interessa e me seduz é a de poder pensar e escrever da forma mais livre que conseguir; olhando para fora da minha caixinha e apartada do conforto do meu sofá. Pensar se tornou uma espécie de estilo vida e escrever meu verdadeiro ofício. A linguagem que me constitui e me castra, também se tornou o instrumento que me permite voar em liberdade.
Só me agrada o que escrevo quando não sou livre e sou livre; as duas coisas ao mesmo tempo.
Rita Almeida
Olá meninas! Tudo bem? No tutorial de hoje vocês aprenderão a ser um imbecil político que fode geral com a possibilidade de alguma saída para o seu país. Vamos lá! Acompanhem o passo a passo!
1. Primeiramente se informe apenas por meio da Rede Globo, Revista Veja e jornalões. No caso da Veja e jornalões, leia só a capa ou as manchetes expostas nas bancas, nem precisa ler a matéria toda. É perda de tempo.
2. Entenda que essa coisa de política é uma merda, só tem pilantra e safado, então mantenha distância disso. Não se meta, não discuta, não participe, não milite, não vote, ou seja, não se interesse sobre o tema porque não tem nada a ver com você. Deixe esses políticos pra lá.
3. Essa coisa de movimento social, sindical, movimentos populares ou culturais, entidades de classe, de defesa de minorias, movimentos feministas, socialistas e afins, enfim, qualquer movimento que lute por direitos da população ou de alguma parte dela são tudo a mesma merda. Não acredite na boa vontade desse povo! Não fosse esses manés nós estaríamos tranquilamente vivendo como a dois séculos atrás: trabalhando 18 horas por dia sem essas frescuras de direitos trabalhistas (ainda bem que esse governo tá cuidando dessa parte agora); nós mulheres estaríamos em casa tranquilamente cuidando dos nossos 8 filhos e vivendo sob às rédeas dos nossos maridos; quem sabe nem a escravidão estivesse acabado né? E nem existiria essa coisa de saúde pública, educação pública, segurança pública... essas coisas públicas são tudo um lixo mesmo! Melhor seria assim: quem puder pagar privado, que pague, quem não puder que se dane. Então, não dê ouvidos a esse povo!
4. Mas se ainda assim você quiser participar dos debates do facebook e das tretas com os amigos, não precisa ler, estudar, entender a história e nem se informar com fontes diversificadas, basta ler uns três posts do facebook sobre o tema. Também não precisa se preocupar com a veracidade da notícia ou a legitimidade da fonte. Lembre-se: tá na rede, é verdade. Para ajudar a formar uma opinião mais concisa veja uns vídeos e ouça uns áudios de Whatsapp de gente que você nem sabe quem é, ajuda bastante.
5. Depois disso você pode sair por ai dando sua opinião em tudo, sem medo. Não fique inibido em falar sobre um assunto que você não domina, mesmo que você esteja debatendo com alguém que estudou ou trabalha na área. Meta o loko no debate! E se vier algum sabichão querendo argumentar com você e você ficar meio sem resposta, basta chama-lo de petralha, comunista, gayzista, feminazi, ou só filho da puta mesmo, manda ele pra Cuba ou pegar o Cartão do Bolsa família, sempre funciona na hora do aperto no debate.
6. Ah! Larga de ser burro! Não são os milionários e os sanguessugas do mercado financeiro que precisam dos pobres para gerar riquezas e movimentar o mundo pra eles. Somos nós que precisamos deles para termos nossos empregos e recebermos nossas esmolas. Tão obvio isso! Aff!
7. Fique atento nas pautas da grande mídia nacional! Ela sabe o que é melhor pra você. Apesar de dizerem que em outras épocas ela sempre esteve do lado dos que estão no poder, não ligue, deve ser conversa. Por que ela faria isso? Com que interesse? Então, se ela mandar você bater panelas você bate! Se ela mandar você seguir o pato, você segue! Se ela disser que não foi Golpe, não foi. Se ela disser que manifestante é vândalo, é por que é. Se ela falar que não teve Greve Geral é verdade, não teve. Ela também sabe quem é ladrão e quem não é. Nem é preciso esperar os fatos ou a condenação na justiça pra você encontrar os vilões que você precisa pra botar a culpa de tudo e se aliviar. Escute a grande mídia! Vai na onda! Segue o fluxo!
8. É bonito você sair falando por aí que faz tudo isso pra defender sua pátria amada salve, salve. Mas que fique claro que quando você fala pátria não tá incluindo todo mundo, exatamente. Só aqueles que merecem estar do seu lado por serem como você. O resto é gentinha, merece a cadeia, o exílio, o linchamento público, a morte, sei lá... qualquer coisa que te aparte desse povo. Você é cidadão de bem não é? Então? Merece isso! E se alguém te perguntar qual foi o critério que você usou pra definir quem é cidadão de bem e quem não é manda logo ir se foder! Não precisa explicar. Tá lembrado? Você é cidadão de bem.
9. Então é isso! Se você seguir essas dicas vai se tornar um imbecil perfeito para a nossa sociedade. Vai na fé! O Brasil precisa de você!
Rita Almeida
1. Primeiramente se informe apenas por meio da Rede Globo, Revista Veja e jornalões. No caso da Veja e jornalões, leia só a capa ou as manchetes expostas nas bancas, nem precisa ler a matéria toda. É perda de tempo.
2. Entenda que essa coisa de política é uma merda, só tem pilantra e safado, então mantenha distância disso. Não se meta, não discuta, não participe, não milite, não vote, ou seja, não se interesse sobre o tema porque não tem nada a ver com você. Deixe esses políticos pra lá.
3. Essa coisa de movimento social, sindical, movimentos populares ou culturais, entidades de classe, de defesa de minorias, movimentos feministas, socialistas e afins, enfim, qualquer movimento que lute por direitos da população ou de alguma parte dela são tudo a mesma merda. Não acredite na boa vontade desse povo! Não fosse esses manés nós estaríamos tranquilamente vivendo como a dois séculos atrás: trabalhando 18 horas por dia sem essas frescuras de direitos trabalhistas (ainda bem que esse governo tá cuidando dessa parte agora); nós mulheres estaríamos em casa tranquilamente cuidando dos nossos 8 filhos e vivendo sob às rédeas dos nossos maridos; quem sabe nem a escravidão estivesse acabado né? E nem existiria essa coisa de saúde pública, educação pública, segurança pública... essas coisas públicas são tudo um lixo mesmo! Melhor seria assim: quem puder pagar privado, que pague, quem não puder que se dane. Então, não dê ouvidos a esse povo!
4. Mas se ainda assim você quiser participar dos debates do facebook e das tretas com os amigos, não precisa ler, estudar, entender a história e nem se informar com fontes diversificadas, basta ler uns três posts do facebook sobre o tema. Também não precisa se preocupar com a veracidade da notícia ou a legitimidade da fonte. Lembre-se: tá na rede, é verdade. Para ajudar a formar uma opinião mais concisa veja uns vídeos e ouça uns áudios de Whatsapp de gente que você nem sabe quem é, ajuda bastante.
5. Depois disso você pode sair por ai dando sua opinião em tudo, sem medo. Não fique inibido em falar sobre um assunto que você não domina, mesmo que você esteja debatendo com alguém que estudou ou trabalha na área. Meta o loko no debate! E se vier algum sabichão querendo argumentar com você e você ficar meio sem resposta, basta chama-lo de petralha, comunista, gayzista, feminazi, ou só filho da puta mesmo, manda ele pra Cuba ou pegar o Cartão do Bolsa família, sempre funciona na hora do aperto no debate.
6. Ah! Larga de ser burro! Não são os milionários e os sanguessugas do mercado financeiro que precisam dos pobres para gerar riquezas e movimentar o mundo pra eles. Somos nós que precisamos deles para termos nossos empregos e recebermos nossas esmolas. Tão obvio isso! Aff!
7. Fique atento nas pautas da grande mídia nacional! Ela sabe o que é melhor pra você. Apesar de dizerem que em outras épocas ela sempre esteve do lado dos que estão no poder, não ligue, deve ser conversa. Por que ela faria isso? Com que interesse? Então, se ela mandar você bater panelas você bate! Se ela mandar você seguir o pato, você segue! Se ela disser que não foi Golpe, não foi. Se ela disser que manifestante é vândalo, é por que é. Se ela falar que não teve Greve Geral é verdade, não teve. Ela também sabe quem é ladrão e quem não é. Nem é preciso esperar os fatos ou a condenação na justiça pra você encontrar os vilões que você precisa pra botar a culpa de tudo e se aliviar. Escute a grande mídia! Vai na onda! Segue o fluxo!
8. É bonito você sair falando por aí que faz tudo isso pra defender sua pátria amada salve, salve. Mas que fique claro que quando você fala pátria não tá incluindo todo mundo, exatamente. Só aqueles que merecem estar do seu lado por serem como você. O resto é gentinha, merece a cadeia, o exílio, o linchamento público, a morte, sei lá... qualquer coisa que te aparte desse povo. Você é cidadão de bem não é? Então? Merece isso! E se alguém te perguntar qual foi o critério que você usou pra definir quem é cidadão de bem e quem não é manda logo ir se foder! Não precisa explicar. Tá lembrado? Você é cidadão de bem.
9. Então é isso! Se você seguir essas dicas vai se tornar um imbecil perfeito para a nossa sociedade. Vai na fé! O Brasil precisa de você!
Rita Almeida
"O Brasil tem uma das legislações trabalhistas mais paternalistas do mundo"
Sim!!!
Porque temos uma das economias mais desiguais do mundo
Porque temos um dos sistemas tributários mais injustos do mundo
Porque temos uma das classes empresariais mais sem consciência de cidadania e sensibilidade coletiva do mundo (queria falar escrota mesmo)
Porque temos uma das classes politicas mais elitistas e corruptas do mundo
Porque temos um dos povos mais despolitizados e passivos do mundo
Quanto mais desproporcionais as relações de força em uma sociedade, mais a judicialização de tais relações se faz necessária e fundamental. Ou seja, o apelo por legislações duras, e por vezes, engessadas, não é a causa dos nossos males - como querem nos fazer acreditar os defensores das reformas trabalhistas - mas sim, consequência.
É obvio que quanto menos judicializada for uma sociedade, muito mais leve, desburocratizada e, portanto, tanto mais saudável era será. Entretanto, é cruel e cínico promover isso tomando como medida primeira desproteger os mais frágeis, culpando-os pelo único recurso que ainda tem para se defenderem de uma sociedade que é tão injusta para com eles.
Se queremos relações de trabalho mais flexíveis, precisamos, antes de tudo, investir numa política que empodere e fortaleça a classe trabalhadora e numa economia que não a penalize tanto.
Todos concordamos que quanto mais uma sociedade se desburocratiza mais ela se torna acolhedora, fluida e leve, mas começar isso pelo último recurso que resta à sua parte mais vulnerável - a classe trabalhadora - é imoral. Seria como retirar o banquinho debaixo dos pés do sujeito que está com a corda no pescoço, esperando que essa ação o salve do próprio enforcamento, prometendo a ele que terá condições plenas de desatar sozinho o nó que o ameaça.
Ninguém que tenha um pingo de noção de ética cidadã pode defender uma coisa dessas
1° de maio de 2017
Dia do trabalhador
Rita Almeida
Sim!!!
Porque temos uma das economias mais desiguais do mundo
Porque temos um dos sistemas tributários mais injustos do mundo
Porque temos uma das classes empresariais mais sem consciência de cidadania e sensibilidade coletiva do mundo (queria falar escrota mesmo)
Porque temos uma das classes politicas mais elitistas e corruptas do mundo
Porque temos um dos povos mais despolitizados e passivos do mundo
Quanto mais desproporcionais as relações de força em uma sociedade, mais a judicialização de tais relações se faz necessária e fundamental. Ou seja, o apelo por legislações duras, e por vezes, engessadas, não é a causa dos nossos males - como querem nos fazer acreditar os defensores das reformas trabalhistas - mas sim, consequência.
É obvio que quanto menos judicializada for uma sociedade, muito mais leve, desburocratizada e, portanto, tanto mais saudável era será. Entretanto, é cruel e cínico promover isso tomando como medida primeira desproteger os mais frágeis, culpando-os pelo único recurso que ainda tem para se defenderem de uma sociedade que é tão injusta para com eles.
Se queremos relações de trabalho mais flexíveis, precisamos, antes de tudo, investir numa política que empodere e fortaleça a classe trabalhadora e numa economia que não a penalize tanto.
Todos concordamos que quanto mais uma sociedade se desburocratiza mais ela se torna acolhedora, fluida e leve, mas começar isso pelo último recurso que resta à sua parte mais vulnerável - a classe trabalhadora - é imoral. Seria como retirar o banquinho debaixo dos pés do sujeito que está com a corda no pescoço, esperando que essa ação o salve do próprio enforcamento, prometendo a ele que terá condições plenas de desatar sozinho o nó que o ameaça.
Ninguém que tenha um pingo de noção de ética cidadã pode defender uma coisa dessas
1° de maio de 2017
Dia do trabalhador
Rita Almeida
Vocês já pensaram que a imensa maioria das pessoas que falam ou escrevem "errado" o fazem por não terem tido acesso a um certo tipo ou nível de educação formal?
Eu não tenho nenhum problema com quem fala "pobrema" ou "iorgute", nem com quem escreve "derrepente" ou "concerteza". O que me preocupa, de fato, são os que têm "nível superior" e falam "bolsomito", "bandido bom é bandido morto", "feminazi", "vai pra Cuba", "tá com pena? leva pra casa", "bolsa-esmola". Esses realmente me assustam. É com esses que deveríamos nos preocupar.
Pessoas que falam/escrevem errado não são capazes de causar mal nenhum a ninguém por consequência dessa sua suposta "ignorância", apenas nos ferem por causa do nosso preconceito linguístico No entanto, a falta de sensibilidade social, política, ética e afetiva da segunda categoria de ignorantes, essa sim, pode fazer um tremendo desastre.
Rita Almeida
Eu não tenho nenhum problema com quem fala "pobrema" ou "iorgute", nem com quem escreve "derrepente" ou "concerteza". O que me preocupa, de fato, são os que têm "nível superior" e falam "bolsomito", "bandido bom é bandido morto", "feminazi", "vai pra Cuba", "tá com pena? leva pra casa", "bolsa-esmola". Esses realmente me assustam. É com esses que deveríamos nos preocupar.
Pessoas que falam/escrevem errado não são capazes de causar mal nenhum a ninguém por consequência dessa sua suposta "ignorância", apenas nos ferem por causa do nosso preconceito linguístico No entanto, a falta de sensibilidade social, política, ética e afetiva da segunda categoria de ignorantes, essa sim, pode fazer um tremendo desastre.
Rita Almeida
Eu queria um poema
Forte, intenso
Que me deixasse em êxtase
Que me calasse os sentidos
E me desse a sensação de perplexidade
E gozo
Tudo ao mesmo tempo
Me fazendo muda para sempre
Eu queria um poema
Cortante, lancinante
Tão ácido
Que fosse capaz de derreter
A caneta
E queimar meus dedos
Eu queria um poema
Insano, desbocado
Que me tornasse eternamente nua
Que pudesse me fazer dizer coisas
Que ninguém jamais tenha tido coragem de dizer
Que me permitisse ser:
Nem mulher, nem homem.
Nem viva nem, morta.
Eu queria um poema devasso
Que ninguém tivesse a ousadia
De ler mais de uma vez
Que soubesse dizer todas as verdades
E me poupasse de ser sempre
Tão ponderada
Tão civilizada
Tão previsível
Eu queria um poema
Que me rasgasse ao meio
E me fizesse entender que depois dele
Seria completamente outra
Quisera eu pudesse escrevê-lo
Em papel
Computador
Num pedaço de parede
Ou na porta de um banheiro de rodoviária
No entanto,
Apesar de desejá-lo do fundo do meu ser
Não escrevê-lo me salva a cada dia.
Rita Almeida
Forte, intenso
Que me deixasse em êxtase
Que me calasse os sentidos
E me desse a sensação de perplexidade
E gozo
Tudo ao mesmo tempo
Me fazendo muda para sempre
Eu queria um poema
Cortante, lancinante
Tão ácido
Que fosse capaz de derreter
A caneta
E queimar meus dedos
Eu queria um poema
Insano, desbocado
Que me tornasse eternamente nua
Que pudesse me fazer dizer coisas
Que ninguém jamais tenha tido coragem de dizer
Que me permitisse ser:
Nem mulher, nem homem.
Nem viva nem, morta.
Eu queria um poema devasso
Que ninguém tivesse a ousadia
De ler mais de uma vez
Que soubesse dizer todas as verdades
E me poupasse de ser sempre
Tão ponderada
Tão civilizada
Tão previsível
Eu queria um poema
Que me rasgasse ao meio
E me fizesse entender que depois dele
Seria completamente outra
Quisera eu pudesse escrevê-lo
Em papel
Computador
Num pedaço de parede
Ou na porta de um banheiro de rodoviária
No entanto,
Apesar de desejá-lo do fundo do meu ser
Não escrevê-lo me salva a cada dia.
Rita Almeida
A vida mais triste de se viver nunca é aquela que é
Por pior que ela seja
A vida mais agoniada é sempre aquela que poderia ter sido
É a vida no futuro do pretérito
A que imaginamos ter perdido
A que lamentamos não ter experimentado
A que fracassamos sem nunca ter tentado
Nada mais angustiante do que agarrar-se as escolhas que nunca se fez
Ou ao caminho que não se trilhou
Viver no futuro do pretérito é a mais terrível das prisões
É ainda pior que viver no passado
Porque o passado, ao menos um dia foi
O futuro do pretérito nunca será
É uma vida de arrependimentos e lamentos
De amargura, de desilusão
E por algo que nem vingou
É no futuro do pretérito que guardamos nossa covardia
E justificamos o passo que nunca demos
Nele vivemos num luto constante
E sem travessia
Porque se trata de chorar sobre o cadáver de alguém que nunca nasceu
E sentir saudade de algo que nem mesmo tem um rosto
Um cheiro
Uma lembrança...
A pior das maldições
Rita Almeida
Por pior que ela seja
A vida mais agoniada é sempre aquela que poderia ter sido
É a vida no futuro do pretérito
A que imaginamos ter perdido
A que lamentamos não ter experimentado
A que fracassamos sem nunca ter tentado
Nada mais angustiante do que agarrar-se as escolhas que nunca se fez
Ou ao caminho que não se trilhou
Viver no futuro do pretérito é a mais terrível das prisões
É ainda pior que viver no passado
Porque o passado, ao menos um dia foi
O futuro do pretérito nunca será
É uma vida de arrependimentos e lamentos
De amargura, de desilusão
E por algo que nem vingou
É no futuro do pretérito que guardamos nossa covardia
E justificamos o passo que nunca demos
Nele vivemos num luto constante
E sem travessia
Porque se trata de chorar sobre o cadáver de alguém que nunca nasceu
E sentir saudade de algo que nem mesmo tem um rosto
Um cheiro
Uma lembrança...
A pior das maldições
Rita Almeida
Fla x Flu com torcida única
A justificativa da decisão judicial para tamanha bizarrice é que o jogo com duas torcidas "pode ser perigoso"
Eu não sei quando é que nos tornamos essa sociedade tão pasteurizada e "leite com pêra", mas acho deprimente
É deprimente o absurdo de pensarmos na opção de esquivar das tragédias próprias da existência, evitando a própria vida
Não quer morrer no trânsito? Não saia de casa
Não quer sofrer por amor? Não ame
Não quer perder nada? Não conquiste nada
A mensagem seria mais ou menos essa
Erro dos erros! diria Nietzsche
Evitar o sofrimento e a tragédia negando a vida
Um resumo triste dessa geração que inventamos
A do merthiolate que não arde
Do café descafeinado
Que pretende viver sem dor e sem riscos
Eu não sei quanto a vocês, mas eu não estou disposta a trocar tantas fatias de vida em nome de um pedaço a mais de segurança
Não mesmo!
Como diria Guimarães Rosa
"Viver é muito perigoso"
E eu prefiro que seja assim
Especialmente se o preço a pagar for testemunhar um Fla x Flu com torcida única