por Rita de Cássia Araújo Almeida
No caso Zuñiga x Neymar, assim como na vida, muitas vezes demoramos muito a chegar ao que Lacan chamou de "c'est ça" ou traduzindo: "é isso". Chegar ao "é isso" é chegar num ponto de entender que não há queixa, vingança, tristeza ou ódio que mudará um determinado fato. Se deparar com o "é isso" é compreender que há o imponderável, o inevitável, o incontornável, "o que não em remédio, nem nunca terá", na vida e no futebol.
O fato é que Neymar está fora da Copa, não há nenhuma queixa, vingança ou discurso inflamado contra o tal Zuñiga que fará isso mudar. Então o que nos resta é lidar com o "é isso" e seguir em frente, segue o jogo, como se diz em linguagem futebolística.
Entretanto, muitas vezes, na mídia, a repetição exagerada do evento é intencional. Repete-se a cena mil vezes, de diferentes ângulos, e os especialistas (argh!) analisam o avesso, o direito, o transverso do evento apenas para ganhar ibope. O efeito dessa repetição é que ela aprisiona as pessoas nesse discurso do "tem que fazer alguma coisa, nem que seja xingar a filha de dois anos do Zuñiga", impedindo que cheguemos a conclusão do "é isso". Feliz daqueles que conseguem se libertar desse aprisionamento.
No depoimento de Neymar fica claro que ele já chegou ao "é isso", tenho certeza que a seleção está buscando chegar ao "é isso" o mais rápido possível e, se eu conheço o estilo Felipão, ele já chegou no "é isso" faz tempo. Então agora é nossa vez, pessoal: "é isso": não teremos mais Neymar na Copa, mas segue o jogo. Deixemos o Zuñiga à cargo da FIFA e de seu próprio ato.
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