Por: Rita de Cássia de Araújo Almeida
Psicanalista
Trabalhadora de CAPS da Rede de Saúde Mental do SUS
Este texto tem uma personagem: Maria. Maria é um nome fictício, mas tudo mais é real, tão real que muitos leitores vão pensar que é ficção.
No início da nossa história Maria é pobre, muito pobre, na verdade, Maria é miserável. Sem nenhuma renda, ela e sua única filha vivem da caridade e da boa vontade de pessoas e instituições. Maria também tem pouquíssima escolaridade, parece uma personagem tirada daquele programa de humor que é a cara da pobreza da nossa TV. Maria fala “pobrema” (problema), “risistente social” (assistente social), “conselho titular” (conselho tutelar), “presentivo” (preventivo), “elétrico” (eletroencefalograma) dentre outras pérolas. Além de tudo Maria é louca, e ela geralmente, concordava com este rótulo que lhe davam. Com algumas passagens por hospícios da região, confessava: “nunca tive cabeça boa pra trabalhar”.
Mas atualmente, Maria não aceita mais ser chamada de louca, se considera uma “maluquinha”. Mas para fazer a travessia de louca para maluquinha, passaram-se quase 10 anos, e muita coisa aconteceu nesse caminho, incluindo um abençoado Bolsa Família. Eu sempre tive vontade de escrever um texto sobre o Bolsa Família e achei apropriado usar a história de Maria para fazê-lo.
Em 17 anos de trabalho em serviços de Saúde Mental do SUS (CAPS), lidando diariamente com pessoas, em geral, pobres, muito pobres ou miseráveis, aprendi uma coisa que só a experiência ensina. Existe uma diferença descomunal, abissal, entre ser pobre e ser miserável. Quem não lida cotidianamente com a população mais humilde, talvez conheça os pobres, mas não conhece os miseráveis, já que eles são “invisíveis a olho nu”. E esse seria o mesmo destino de Maria, ser invisível, mas afinal, sua loucura incomodou e obrigou que a enxergássemos. Foi assim que tomamos conhecimento de Maria, a louca, sem pai nem mãe, rejeitada pela família, em sua miséria absoluta, dependendo do que encontrava no lixo, de favores ou da caridade alheia para sobreviver com sua filha.
Quando ouço pessoas que criticam o Bolsa Família ou outro programa de transferência de renda, dizendo que ele acostuma mal as pessoas, estimula a preguiça e desvirtua o caráter, sinto vontade de vomitar. Quem diz isso, definitivamente, não sabe o que é miséria. Quem faz esse tipo de afirmação tosca e preconceituosa, para usar palavras publicáveis, nunca passou pela situação de encontrar em R$ 70,00 algum alento. Com pouquíssima probabilidade de errar, ninguém que está lendo agora este texto sabe, na carne, o real valor de R$ 70,00. Maria sabe. Muitos aqui vão duvidar, mas R$ 70,00 ou R$ 130,00 (média nacional do valor repassado para cada família com o Bolsa Família), é capaz de reduzir o enorme abismo entre a miséria e a pobreza, e com isso, viabilizar um status inicial necessário para acessar qualquer outro tipo possível de justiça social: ser visto.
E R$ 70,00 fez muita diferença na vida de Maria, não só pelo valor, mas porque em mais de 30 anos de vida, esse foi o primeiro dinheiro que ela conseguiu que não fosse por caridade ou proveniente de algum dos homens com os quais, eventualmente, se aventurava a morar. Isso porque o Bolsa Família não é tratado pelos profissionais, não pelos sérios e éticos, como um mero benefício assistencial ou uma esmola do prefeito ou do governo, mas como um direito. Sendo assim, o cartão do Bolsa Família foi o primeiro direito que Maria conquistou, depois dele, como veremos, muitos outros vieram.
Um segundo direito que Maria teve voz e força para exigir depois do primeiro, foi uma pensão alimentícia para filha. O ex-companheiro de Maria era alcoolista, raramente tinha trabalho fixo, e mesmo quando conseguia algum trabalho, não pagava pensão, regularmente. Mas Maria tinha aprendido a exigir seus direitos, e foi até às últimas conseqüências para conseguir que o pai da menina pagasse a pensão, achou até justo quando ele quase foi preso por não cumprir com a obrigação. Hoje ele paga a pensão de R$ 90,00 assiduamente, e ela assina o recibo na nossa frente (como ficou combinado na justiça), com a postura de quem aprendeu a lutar pelo seu lugar no mundo.
A loucura de Maria, que se instalou desde o nascimento da filha, continuava a lhe imputar uma incapacidade real para o trabalho formal. Sua irritabilidade e instabilidade emocionais faziam de qualquer relação possível com o outro, um inferno. Mesmo dentro do CAPS, eram comuns suas agressões verbais e até físicas a técnicos e outros usuários.
Maria, eventualmente, se envolvia com homens com os quais imaginava conquistar alguma segurança, mas em geral, eles obedeciam a um mesmo padrão: alcoolistas ou usuários de drogas, também pobres, com ligações familiares empobrecidas e sem trabalho fixo. Com esses homens, Maria vive relações muito conturbadas e violentas. Assim também vinha caminhando a relação com seu atual companheiro, e com o qual Maria teve um filho, hoje com 3 anos.
Inúmeras vezes tentamos conseguir para Maria o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que assegura um salário mínimo para idosos, ou pessoas com alguma deficiência grave, que não contribuíram com a previdência social, desde que a renda familiar per capta não ultrapasse ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente. Mas, apesar de inúmeras tentativas, Maria não passava na perícia médica, não era considerada suficientemente incapaz para fazer juz ao benefício.
O fato é que, após muita insistência, no final do ano passado, Maria finalmente conseguiu o BPC e assim que teve certeza de que o benefício chegaria, avisou com satisfação, que agora poderia devolver o cartão do Bolsa Família para que ele pudesse ajudar outra pessoa. Era justo que tivesse recebido o benefício por um tempo e agora, com sua nova condição assegurada, era justo que o passasse adiante. Apesar de louca e ignorante, como a maioria a considerava, Maria sabia o exato significado da palavra justiça, mesmo tendo tão pouco acesso a ela.
Com alguns meses recebendo salário mínimo, além de poder atender suas necessidades básicas e a dos dois filhos, Maria teve melhorias subjetivas ainda mais notórias. A vaidade consigo mesma e com seu pequeno barraco (herança dos pais), que mesmo nos tempos de miséria insistiam em manter nela um pouco de orgulho, hoje se destacam e evidenciam cada vez mais seu estilo. Maria sempre gostou de bijuteria, maquiagem, sapato, bolsa e roupas e, tal como antes, ainda depende de doações para atender a esses seus caprichos. Mas hoje ela parece feliz em apenas poder se aventurar em entrar numa loja e perguntar o preço das coisas. Ontem me abordou dizendo que viu uma calça igual a que eu vestia por R$ 90,00, achou muito cara e, por isso, não comprou. Semana passada Maria compartilhou numa reunião com outros usuários do CAPS, com lágrimas nos olhos, que mês que vem irá realizar o sonho da sua vida: comprar um jogo de panelas na loja. “Meu sonho é comprar um jogo de panelas novo e colocar tudo em cima da mesa”. O projeto seguinte é colocar piso na casa, toda de chão batido.
Também existem os preconceituosos de plantão que vão criticar os que, depois de saírem do abismo da miséria, se rendem ao consumo. Então nós vivemos numa sociedade capitalista e consumista, que propagandeia o tempo todo que podemos alcançar felicidade comprando coisas e acusamos de consumistas os que estão tendo a primeira oportunidade de testar se essa teoria é verdadeira? Ah, tá!
Mas, quem acredita que uma renda mensal mínima tem apenas efeito de consumo, também se engana. Cerca de dois meses depois de Maria ter recebido seu primeiro salário mínimo questionei a ela como estava sua relação com o companheiro, perguntei se ainda se estapeavam. E ela me respondeu: “Não, agora eu não deixo mais ele me bater”. Sendo eu uma psicanalista, poderia ter interpretado a frase dela dizendo: “Mas, então, antes você deixava?” Mas não foi necessário, eu sabia exatamente porque Maria aceitava apanhar. Ao contrário do que muitos podem supor essa Maria, e muitas outras, não apanham por gosto ou costume, tampouco são fãs dos “50 tons”. Nossas Marias aceitam a violência porque acreditam que esse é o preço que têm que pagar para manter em casa seu homem e com ele algum respeito, amor próprio ou possibilidade de sustento para si mesma e para os seus filhos, ainda que esses sejam ganhos totalmente ilusórios.
Já concluindo, preciso contar o que aconteceu no último mês de maio, por ocasião da festa do nosso CAPS em comemoração ao dia Nacional de Luta Antimanicomial. Durante os eventos, Maria nos surpreendeu ao pegar o microfone e recitar uma longa poesia feita por ela, na qual tecia, com muito humor, sua trajetória de louca à maluquinha. No seu poema, meio cantado meio falado, “louca” tinha a conotação pejorativa que lhe davam no passado e “maluquinha” falava de como ela se via hoje, do seu jeitinho diferente, meio maluquinho sim, mas também capaz de declarar seu amor pela vida e pelas pessoas que ali estavam. Era o outro com o qual ela “nunca se dava” transformando-se, finalmente, em objeto de seu amor.
Sim, passado o período em que só podia viver no campo da necessidade imediata e urgente de sobreviver junto com seus filhos, Maria alcança o campo da arte. Maria produz cultura. Atualmente está empolgadíssima com a possibilidade de ser atriz em uma peça de teatro produzida pelo CAPS e cuja história poderá ser a sua própria, aquela tecida em seu poema.
Ainda há quem chame Maria de louca. Para mim, louco é quem critica benefícios sociais e programas de transferência de renda sem saber o que é ser invisível. Muitos dirão que Maria é uma analfabeta ignorante. Para mim, ignorante é quem não consegue olhar em torno, é quem só consegue ver o mundo a partir do próprio umbigo.
Para você que insiste em criticar programas sociais, eu deixo Maria no seu encalço. Mas se sua intenção for apenas criticar, com os amigos ou nas redes sociais, algum tipo de benefício pago com recurso público e que você não recebe, tenho algumas sugestões. Numa pesquisa rápida no Google, descobri alguns auxílios concedidos a ministros, vereadores, deputados, senadores, desembargadores, policiais federais, diplomatas, altas patentes do exército, marinha ou aeronáutica e/ou juízes. São eles: Bolsa Moradia, Bolsa Paletó, Bolsa Passagens Aéreas, Bolsa Combustível, Bolsa Telefone, Bolsa Gabinete, Bolsa Alimentação, Bolsa Despesas, Bolsa Creche, Bolsa Indenizatória, Bolsa Estudo, Bolsa Funeral e Bolsa Assistência Médica. Obviamente, que nem todas as categorias citadas recebem todos esses benefícios, mas cada uma delas recebe pelo menos duas ou três “Bolsas” citadas. E, na verdade, esses benefícios não são chamados de “Bolsa”, fui eu quem, propositalmente, os batizei com esse nome. Mas bem que poderiam chamar, não é? (Eu não pesquisei o valor de tais “Bolsas”, se você quiser fazê-lo fique à vontade. Sugiro apenas que tome um antiácido antes)
Então, alguém aí pra tentar me convencer que o Bolsa Família não é um direito justo?
Rita, MARAVILHOSO esse texto!!!!!!!
ResponderExcluirPara quem acompanha o processo de reinserção social dos "loucos" desde o início da Reforma Psiquiátrica, concordo com cada palavra escrita. Vejo a história da Maria acontecer todos os dias no seu surpreendente resultado de resgate do sujeito. Como dizia Raul: "mais louco é quem me diz...e não é feliz!"
Estou emocionada! Parabéns!
Obrigada, Teresa
ResponderExcluirum beijo!!
Uau!!!
ResponderExcluirRita, chorei, me engasguei, piorei da rinite... mas, que lindo, parabéns pela linda pessoas que és, certamente, pela psicanalista e pela escritora. Provavelmente te habitam outros devires com a mesma pot~encia e eficiência, talvez mãe, tia, vizinha, amiga, cidadã. Namastê!
Obrigada, Gladis!! Namastê!!
ExcluirFantástica.. Perfeita.. Incontestável.. Imbatível e definitivamente revolucionária!!!!
ExcluirEsta é a grande virada do jogo que não representa o assistencialismo que a oposição prega, porque é uma virada transformadora não só para as 'Marias Loucas em Maria Maluquinhas'.. mas para as Ritas psicanalistas, as Gladis que também pioram a rinite quando choram, e para as Megs, enfermeira e administradora hospitalar aposentada, plena de vivência, mas que não permitiu-se endurecer diante dos mais de 30 anos de profissão.. e tantos outros que já se manifestaram, ou simplesmente se emocionaram em silencio.. porque nos permitimos ser tocadas por Maria e sua história, porque Maria é um pouco de cada um de nós... e nós também somos Maria, as vezes loucos, as vezes só maluquinhos.. mas precisamos continuar sendo a parte visível das Marias da vida.. Bolsa Família, vai mais além do que a velha intenção de 'dar a vara e ensinar a pesca'r, ou 'entregar o peixe pronto'... Bolsa Família e todo o seu aparato de normas, consiste em tirar as Marias do centro da caatinga e do mais tórrido transe da invisibilidade ofuscada pelo sol ardente, e levá-la para beira mar, onde as lufadas de brisa renovarão seu fôlego e lhe estimularão a nadar no oceano da cidadania, e a mostrarão como agarrar 'seu peixe' da dignidade, nem que seja a unhas!!!!! Viva Maria!!!!!! Parabéns Rita!!!
Olá Meg, você também me emocionou!! Somos todas Marias, sim... Viva Maria!!
ExcluirAmei o texto! Parabéns pela coragem de vir a público mostrar o quanto boa parte dos brasileiros são preconceituosos.
ExcluirSimmmmmmmmmmmmmmmmmmm pra todos os comentários... Aplaudo de pé! Bravo! Talvez, Meg, se me permite, Estimular as Marias a "navegar" no oceano da cidadania, porque "cara amiga" também sem uma boa nave ninguém segura esse rojão!
ExcluirSumaya Lima
Excelente texto, parabéns
ResponderExcluirObrigada!! Um abraço
Excluirteu texto não é engraçado. ele até que é legal, mas não é só isso. e também não é apenas interessante, é bem mais que isso.
ResponderExcluirpena que o blogger não ofereça alternativas como 'sensacional' ou 'espetacular', pois isso que teu texto é.
parabéns, rita. e dê meus parabéns também à maria louca.
obrigada!! agora é só Maria Maluquinha rs. e você precisava conhecê-la...coisa linda!!
ResponderExcluirMenina, tu e a Maria me fizeram chorar... Só quero dizer, obrigado, sei lá por quê, mas obrigado, o dia está pago. Abraço fraterno.
ResponderExcluirMaria me fez chorar muito nos últimos dias também, e foi minha emoção que produziu esse texto. Um abraço
ExcluirQue bom, que " boniteza" como disse Paulo Freire, ler algo que vem ao encontro do que sentimos e pensamos!
ResponderExcluirAgradeço permitir-me a leitura de um trecho tão lúcido e justo. Parabens. Vou compartilhar. Trabalho na Superintendencia de Assistencia Social da SEDES/Bahia. Trabalho com população carente ha 18 anos. E defendo a inclusão social. Mais uma vez, parabens por tanta logicidade e clareza.
ResponderExcluirObrigada Luzmar!! Um abraço e bom trabalho...
ResponderExcluirParabéns pelo texto! é clichê, mas você escreveu meus pensamentos! um abraço
ResponderExcluirRozana
Obrigada, Rozana
ExcluirBoa tarde, colega, parabéns, precisamos falar mais dessas histórias.Também conheço algumas que me enchem de entusiasmo. Pra mim o melhor dessa história é que vem de outro setor que não é Assistência Social.
ResponderExcluirObrigada, Anita
ExcluirQue texto maravilhoso, que história mais linda! Obrigada por compartilhá-la!
ResponderExcluirObrigada, Cíntia
ExcluirEu que agradeço! Usei ele com meus viventes aqui no VER SUS de Gravataí.
Excluir:)
Maravilloso. Excelente. ¿Me autorizás a traducirlo al español y publicarlo en alalocuraderecho.blogspot.com ?
ResponderExcluirAbrazos.
Claro Santiago, será uma honra para mim e para Maria. Depois me manda pra eu ver como ficou: rcaalmeida@ig.com.br
Excluirum abraço
Rita de Cássia! Só posso te dizer: OBRIGADA! Muito obrigada, por compartilhar essa história tão verdadeira para tantos, ressaltado por dela, cidadãos! Sim, ainda muito mais, que a fundamental e útil "ferramenta" Bolsa Família, a Maria teve o teu acompanhamento e da tua equipe! Que a escutaram além do comportamento difícil, dos tais "merecimentos", e lhe viabilizaram um outro lugar de existir! Parabéns a vocês!
ResponderExcluirAbraços
Obrigada Maria
Excluirum forte abraço
Simplesmente emocionante!
ResponderExcluirParabéns!!
obrigada, Izabela
ExcluirMudou minha visão (antes desinformada) do Bolsa Família. Parabéns!
ResponderExcluirque bom!!
Excluircontraponto ao seu texto
ResponderExcluirhttp://www.jornaldaparaiba.com.br/polemicapb/2013/05/27/a-coragem-de-adriana-lins-de-oliveira-bezerra-juiza-de-cajazeiras-e-contra-a-bolsa-familia-e-diz-por-que/
concordo com a Juíza..
Excluira ajuda deveria ser restrita às Marias e joses sem nenhuma condição fisica e mental para o trabalho...
O que vemos é uma legião de parasitas recebendo o Bolsa "esmola" e servindo de lastro eleitoral..
O governo deveria investir em educação e capacitação para o trabalho bem como incentivo à produção de bens e serviços e devolver a cidadania e a dignidade aos milhões de bolsitas que vivem de joelhos à espera dessa "esmola" que nunca fará com que saiam da linha da pobreza...
e isto sem contar com os milhares pessoas e até de politicos e seus familiares que recebem esse "benefício" sem precisarem e eu como As.Social vi muito isso e confesso minha revolta...não admito que um cidadão viva de joelhos e com a espinha vergada sob o jugo de um governo descompromissado com a dignidade e da real e efetiva promoção dos seus cidadãos...
Não precisa ter coragem, como sugere a matéria sobre a juíza, para criticar programa de transferência de renda, precisa ser preconceituoso, fazer parte do senso comum e ignorar completamente a miséria. O Bolsa Família É PARA OS MISERÁVEIS e se está sendo concedido equivocadamente para famílias que não precisam é por responsabilidade dos municípios que não estão fazendo um bom trabalho de gestão e fiscalização. Um projeto não pode ser criticado pelo mau uso que se faz dele (é infelizmente há quem faça mau uso político). E pra quem também não sabe o Bolsa Família, nos municípios que cumprem o que o projeto prevê, está vinculado a intervenções educativas e de capacitação para o trabalho, porque não pretende ser um fim em si mesmo. Não se trata de uma esmola, mas um direito, o direito à sobrevivência digna. Se um trabalho de assistência social se utiliza do bolsa família ou qualquer outro trabalho social para fazer o outro ficar "de joelhos e com a espinha vergada" está fazendo um péssimo trabalho. As grande maioria de Maria e Josés que conheço estão de pé e lutando para sobreviver, e já estavam assim antes de receber o Bolsa Família, caso contrário já teriam sucumbido. Esses sim é que, na minha opinião, são os corajosos da história.
ExcluirA pessoa se esconde no anonimato para "corajosamente" destilar um caminhão de preconceitos e frases feitas que não resistem a um mínimo confronto com a realidade. Senão vejamos:
Excluirhttp://revistaforum.com.br/blog/2013/05/169-milhao-de-familias-abrem-mao-do-bolsa-familia/
http://revistaforum.com.br/blog/2013/05/estudantes-beneficiados-pelo-bolsa-familia-tem-aprovacao-maior-que-a-media-nacional/
http://revistaforum.com.br/blog/2013/05/sao-70-os-beneficiarios-adultos-do-bolsa-familia-que-trabalham-segundo-ministra/
http://revistaforum.com.br/blog/2010/05/bolsa_familia_nao_causa_dependencia/
http://revistaforum.com.br/blog/2013/04/bono-desafia-lula-vamos-fazer-juntos-um-bolsa-familia-planetario/
Rita, seu texto é lindo, emocionante, de levar às lágrimas mesmo, como da vez em que vi uma senhorinha do semiárido falar como tinha que partir os lápis de cor em três partes para dividir entre os netos que criava, mas, depois do Bolsa Família, podia comprar uma caixa de lápis para cada neto. Que o mar de Yemanjá te traga sempre muitas inspirações e boas vibrações.
Que assim seja Zeca!!Um forte abraço
ExcluirTexto maravilhoso,e muito útil aos críticos de plantão e que adoram julgar e questionar casos como esse.Sempre achei absurdo alguém abrir a boca e destruir a imagem de que usa o Bolsa Família.Mal sabem eles que na maioria dos casos esse dinheiro salva uma vida,que se encontra em desespero,por não ter o que dar de comer a um filho,ou comprar um remédio que esta em falta no posto de saúde.Parabéns pelo excelente texto!
ResponderExcluirobrigada Judite
ResponderExcluirum abraço
Oi Rita! realmente muito interessante o seu relato, me fez lembrar aquela escala de necessidades do Maslow... qualquer um em necessidade extrema difícilmente enxergará o outro e terá uma visão primitiva de tudo. Um dos pontos importantes que gostei no seu texto foi justamente sobre o capitalismo e consumo: é importante que deixem de ser considerados demônios, posto que estes, bem usados, garantem o espaço e emprestam dignidade aos elementos na sociedade. Esperemos que o que aconteceu com Maria aconteça com os milhares de cidadãos brasileiros nas mesmas condições. Futuramente, senão eles, seus filhos farão coro à multidão que brada por mais qualidade na educação e saúde do povo brasileiro.
ResponderExcluirObrigada amiga!!
Excluirum beijo
Rita, que Maria é essa que transformou a invisibilidade social em prosa e poesia?!
ResponderExcluirParabéns pelo texto, pela luta, pelo trabalho, pela vitória de vocês.
São pessoas assim como você e Maria que o nosso Brasil precisa.
Abraço
Gisa
Obrigada, Gisa!!Um abraço
ExcluirSem palavras. Apenas, aplaudo de pé, seu texto, seu trabalho... e Maria também.
ResponderExcluirObrigada Martingil
ExcluirUm abraço
Parabéns Rita, muito bom teu texto. Lembre-se que você é mais do que uma profissional do serviço público, é um anjo no nosso meio. Muito boa defesa do Bolsa Família.
ResponderExcluirObrigada Tiago
Excluirum abraço
Adicionei você no facebook.
ExcluirEu vi Tiago. seja bem vindo
ExcluirEis o que fiz.
ResponderExcluirhttp://prcequinel.blogspot.com.br/2013/07/entre-maria-louca-e-maria-maluquinha.html
Obrigada por divulgar Paulo
Excluiradorei a sua contribuição para o título rs "Entre Maria Louca e Maria Maluquinha tem um Bolsa Família, mas a classe mérdia e os coxinhas jaguaras jamais entenderão isso"
um abraço
Excelente texto. Mostra bem a importância para muitos desse tipo de programa.Tomei a liberdade de compartilhar.
ResponderExcluirà vontade Paulo!! um abraço e obrigada
ExcluirExcelente! Um soco na boca do estômago daqueles que mesmo com toda ignorância ainda possuem alguma sensibilidade e humildade para mudar de opinião sobre o bolsa família....
ResponderExcluirObrigada!!
ExcluirRita, fui apresentada a seu blog por uma amiga Gracinha Seabra.
ResponderExcluirTexto forte, belo e animador.....
Que o mar possa navega-la sempre para nosso entendimento e lucidez...
Coragem!
Obrigada Rachel!!
ExcluirPERFEITO!
ResponderExcluirSem comentários...
Apenas um adendo.
Todas nós somos "maluqinhas", com muito orgulho!
Ajudadas e ajudando.
Parabéns, beijos iluminados em seu coração!
Um viva às maluquinhas Fabiana!!
ExcluirParabéns demais pelo seu texto, ele consegue atingir a nós de uma forma inexplicável. Eu como gestor do Bolsa Família de LD concordo com TUDO que vc escreveu. Se todas as "maluquinhas" tivessem a serenidade da Maria, com certeza nosso Brasil seria muito melhor.
ResponderExcluirVirei fã da página.
Valeu Vitor!! um abraço
ResponderExcluirParabéns pelo depoimento e pela reflexão!
ResponderExcluirQuem sabe você poderia publicar a poesia de "Maria"?
Fica a sugestão...
Tudo de bom
Parabéns Rita, excelente texto! Sou mestranda e pesquisadora do Bolsa Família. É muito importante o quê está fazendo. Mostrando, com experiências práticas, a partir longos acompanhamentos, dos usuários do CAPS, os efeitos do Programa. Algo que muitas pessoas não querem conhecer. Acham mais cômodo continuar reproduzindo discursos preconceituosos baseados, simplesmente, no senso comum e no que “uns e outros” dizem. Para quem acompanha de perto as famílias beneficiárias, constatam que “R$ 130,00”, faz sim, muita diferença na realidade dessas pessoas. Não se deve formar opiniões baseadas em casos isolados de ineficiência do BF.
ResponderExcluirFui gestora municipal do Programa por cinco anos e agora ele é o meu objeto de pesquisa. Um livro recentemente publicado é o "Vozes do Bolsa Família", que trata exatamente das questões levantadas por você no texto. Por meio de uma etnografia, os autores entrevistaram várias responsáveis pelo benefício familiar, em distintas regiões do país. Um dado muito relevante da pesquisa é que, apesar do valor financeiro do benefício (muito baixo comparado as “bolsa auxílios concedidos a ministros, vereadores, deputados, senadores, desembargadores, policiais federais...”), o BF proporcionou mudanças significativas na vida de todas as entrevistadas. Mudanças estas, econômicas e, principalmente, subjetivas, como no caso da “sua” Maria.
Fica aí a dica.
Te adicionei no fecebook.
Obrigada Livia!!
ExcluirRita, que texto emocionante!!! Trabalho na rede de Saúde Mental, uma amiga e colega de trabalho que me enviou seu texto pelo facebook. Levarei para mais colegas refletirem sobre esses aspectos tão profundos do nosso dia a dia!!! Parabéns!!!
ResponderExcluirMariana Rita
Obrigada Mariana!!
ExcluirRita,
ResponderExcluirVc está certa.
Eu me preocupo com o cinismo de certos "protocolos" institucionais, que drenam [ou "dragam"] o dinheiro público para fins espúrios. Exemplo disso é a fala do Governador do Rio de Janeiro dizendo: "Vamos comparar o uso de transportes oficiais por autoridades dos demais Estados e, se for o caso, fazer ajustes ao uso em nosso Estado". Ou seja: uma comparação de "protocolos".
Isso é cinismo explícito. O contraponto a isso, pegando carona e fazendo um link com sua mais recente postagem, seria a demonstração de "quebra de protocolo" por parte do Papa Francisco.
Certos protocolos são guard-rails para o cinismo, o oportunismo, o carreirismo e coisas que tais. Nenhuma das quais "nobre", diga-se de passagem. E a expressão guard-rail vem a calhar, uma vez que comparo os beneficiários de tais mecanismos institucionais à situação de pilotos automobilísticos numa corrida em direção ao pódio muito bem premiado/recompensado/remunerado.
O Bolsa Família não tem nada a ver com isso. Eu questiono "protocolos institucionais" [e não programas de reposição de renda ou compensações sociais, como o sistema de quotas] com a veemência e assertividade de um Lobão [o cantor], ao ver "a que e a quem podem servir tais protocolos".
Temos de distinguir as coisas, nem que para tanto seja necessária a confecção de um "Glossário".
Um beijo, amiga.
Obrigada Marcelo!!
Excluirum abraço
Acredito que Bolsa Família (R$70,00?) mais criatividade podem salvar sim... é pouco dinheiro? Imagine aquele troco dos supermercados que não nos é devolvido, cerca de R$0,02, que não vão para o bolso do empregado caixa, mas para o bolso do dono do negócio. Que riqueza no final do ano e sem impostos... realmente muito criativo.
ResponderExcluirLindo, lindo, lindo texto, é o que também penso só que não tenho o dom de escrever. Que Deus te abençoe.
ResponderExcluiramém!!
Excluirum abraço
Muito bem, Rita, valeu a leitura. Te parabenizo pela paciência, pela lucidez, pelo engajamento. E pelo texto, como sempre! Você dá enorme contribuição para o debate sobre o Bolsa Família e sua importância para aqueles que dele necessitam. E também ajuda a desmistificar tantos lugares-comuns e estereótipos criados pela desinformação e preconceito. Parabéns. Estamos juntos nessa cruzada; onde posso, nos debates de que participo, dou informações que vão demolindo a visão elitista e superficial. Duas delas: mais de 90% dos beneficiários do PBF são mulheres (o que desconstroi a ideia do "cachaceiro" que não quer trabalhar), e hoje, nos dez anos do programa, mais da metade histórica de seus beneficiários, assim como Maria, já o deixaram!
ResponderExcluirObrigada Flavio!!
ResponderExcluirum abraço
Simplesmente, muuuuito ótimo, queria conhecer Maria maluquinha, que com certeza tem muito a nos ensinar sobre justiça social. Aliás ela podia ir para Brasília dar cursos sobre o referido assunto. Parabéns Rita pela autenticidade.
ResponderExcluirGostei muito do texto e estou fazendo meus alunos lerem pra ver se entendem q a campanha contra o bolsa família é falta de conhecimento e tbm preconceito.
ResponderExcluirboa tarde descobri seu blog atraves de outro o salvador na sola do pe li seu artigo e encontrei seu blog ..ja li alguns e agora vou sermpre futucar ...sou de Campos dos Goitacazes rj...cidade de Garotinho e Rozinha...onde muitos os criticam por eles terem essa policas humanas ..se vc nao sabe o bolsa familia surgiu com Fernando Henrique que gostou do programa de Garotinho ai copiou e mudou o nome ai lula entrou copiou e mudou o nome pra essa que vc conhece e aqui no nosso estado tem o restaurante a um real que possibilita a varios trabalhadores conseguir economizr um pouco do seus salarios ..aqui no interior do RIO,..Campos dos goytacaze onde Rozinha e prefeita a passagem de onibus e um real
ResponderExcluirmas muitos criticam casal Garotinho..so aqules que nao tem amor ao proximo...desde ja parabens pelo seu trabalho entre depois no blog do garotinho....pra ver o inicio do bolsa familia..
ja fiz propaganda do seu blog tenho uma amiga que se formou em assistente social ela e de Araruama rj e criou com alguns um atendimento as mulheres la em Buzios rj esses dias e recente..vc tem face ..? me add Claudio Corrais
ResponderExcluirboa tarde descobri seu blog atraves de outro o salvador na sola do pe li seu artigo e encontrei seu blog ..ja li alguns e agora vou sermpre futucar ...sou de Campos dos Goitacazes rj...cidade de Garotinho e Rozinha...onde muitos os criticam por eles terem essa policas humanas ..se vc nao sabe o bolsa familia surgiu com Fernando Henrique que gostou do programa de Garotinho ai copiou e mudou o nome ai lula entrou copiou e mudou o nome pra essa que vc conhece e aqui no nosso estado tem o restaurante a um real que possibilita a varios trabalhadores conseguir economizr um pouco do seus salarios ..aqui no interior do RIO,..Campos dos goytacaze onde Rozinha e prefeita a passagem de onibus e um real
ResponderExcluirmas muitos criticam casal Garotinho..so aqules que nao tem amor ao proximo...desde ja parabens pelo seu trabalho entre depois no blog do garotinho....pra ver o inicio do bolsa familia..
Seja bem vindo Claudio!! um abraço
ExcluirTexto impecável Rita,Maria Maluquinha,uma cidadã!! (Fátima Martins)
ResponderExcluirObrigada Fatima!! um abraço
ExcluirRita, parabéns pelo texto!! Tive contato com ele a partir do blog "Psicologia no SUAS". Sou psicóloga e trabalho junto à política de assistência social em Porto Alegre/RS. Por aqui, nosso "latim" também segue incansável na tentativa de derrubar críticas ao PBF. Tomarei a liberdade de compartilhar a tua escrita com os meus colegas de trabalho. Tudo bem?
ResponderExcluirUm abraço para ti!
Lucilene Pinheiro
Obrigada Lucilene!! Pode divulgar sim, sem problemas, será uma honra para mim. um abraço
ExcluirExcelente o seu texto ,Rita! Atuo em serviços socioassitenciais e me deparo com várias Marias Loucas ou Marias Maluquinhas que dependem deste Programa para sua sobrevivência. Pena que a maioria não tenha a visão da importância do mesmo.
ResponderExcluirO seu texto é de tamanha força, que vou compartilhá-lo.Abraços. Maria Lúcia M. Araújo
Obrigada MLucia!! um abraço
ExcluirExcelente texto moça, fiquei emocionado lendo! Sou psicólogo trabalhador do SUAS num CRAS do interior de Mato Grosso. Costumo enfatizar na minha atuação profissional a importância do trabalho intersetorial entre as políticas públicas, e nessa história da Maria, vemos a importância da articulação entre o SUAS e a política de saúde mental do SUS. Tomarei a liberdade de compartilhá-lo com amigos e colegas de trabalho.
ResponderExcluir"há braços"
Fique à vontade para compartilhar Carleandro, será uma honra para mim fazer parte dessa rede. um abraço
ExcluirBelo texto e bela história de vida esse texto deve ser divulgado nas redes sociais para que as pessoas tenho o real significado do quanto importante do ponto de vista emocional psicológico e um Bolsa família. Só faço uma pequena observação: a OMS aboliu o termo louco, doido, por entender que esse termo fere a dignidade humana no momento em que ele se torna um rótulo, discriminatório e excludente, e utilizou o termo Transtorno Mental que caracteriza que o sujeito é portador de uma patologia e não a própria patologia. Mas parabéns a colega Rita você é uma profissional que dignifica a nossa profissão.
ResponderExcluirOlá Tony
ResponderExcluirObrigada pelos comentários. Os termos louca e maluquinha são os usados pela própria Maria, por isso os usei, e eu particularmente os prefiro, porque resgata a loucura como posição subjetiva da existência e não como uma doença e o que é pior, como um transtorno, assim como propõe o CID. A loucura é uma posição diante da existência, tem uma conotação mais filosófica, no meu entender mais rica. Enquanto o transtorno é um problema a ser solucionado, normatizado... ser portador de uma patologia é portá-la, ou seja carregá-la, como se fosse um acessório. Prefiro os loucos e maluquinhos aos portadores de transtorno mental...rs
um abraço
Seu texto é ótimo, e suas palavras encantam. Conheci seu blog hoje, depois de uma indicação de leitura da Eliane Brum. Após 2 textos, já estou certo que irei "devorá-lo" nos próximos dias...
ResponderExcluirParabéns!
Obrigada Bruno!! seja sempre bem vindo
Excluirum abraço
Parabéns ! Me permita compartilhar em meu blog?
ResponderExcluiresteja à vontade André, e seja sempre bem vindo
ResponderExcluirum abraço
PER-FEI-TO
ResponderExcluirSe nos permite, vamos compartilhar o link do Blog no nosso face! Perfeito!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirUAU!!! Aqui ganha uma fã "resistente" social!
ResponderExcluirHáBraços!