Por: Rita de Cássia A Almeida
As eleições municipais se avizinham e já tenho ouvido muita gente praguejando pelo fato de ter que comparecer às urnas novamente. O discurso da desilusão com nossos representantes tem sustentado uma conclusão muito recorrente: a de que não vale a pena votar. Tudo bem que nós brasileiros temos experimentado uma relação, digamos, “traumática” com a democracia, mas como se diz por aí: “é preciso ter cuidado para não jogar fora o bebê junto com a água suja da bacia”.
É atribuída a Winston Churchill, estadista inglês, a seguinte frase: “A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos". Então concordamos que a democracia seja mesmo imperfeita, tenha suas limitações e muitos problemas, mas de fato, ainda não se inventou nada melhor. Um destes problemas se deve ao fato da tão vangloriada “escolha da maioria” poder se transformar numa “bomba relógio” que mais adiante vai cair no nosso colo. No entanto, isso não é justificativa para cuspirmos nas urnas. Cuspir nas urnas é cuspir na história, é cuspir na dedicação e no trabalho daqueles que lutaram, muitas vezes com suas vidas, para que pudéssemos fazer nossas próprias escolhas, ainda que, por vezes, atrapalhadas.
Então façamos nossas escolhas mais uma vez, e com orgulho, mas não sem uma certa dose de indignação, que se faz bastante saudável para que tenhamos critérios cada vez melhores, que reduzam cada vez mais nossa margem de erro. Eu tenho algumas sugestões a dar:
Primeiramente se dedique realmente à escolha de seu candidato: se informe, troque opiniões com seus pares, pesquise, desconfie, observe e se for possível converse com seus pretendentes. Não decida rápido demais e nem deixe pra última hora, em qualquer decisão apressada o risco de se equivocar é muito maior. Outra dica importante: não troque seu voto por nada. Seja por promessa de emprego, por saco de cimento, bolsa de estudos ou qualquer outra suposta benesse individual. Você pode ter certeza que o cidadão que é capaz de comprar seu voto, também será capaz de vendê-lo na próxima esquina, por qualquer oferta que ele considere melhor.
Mas ainda sim, com todo este cuidado, é inevitável que cometamos erros, mas aí vem o lado bom da democracia, a cada quatro anos temos a oportunidade de tentar repará-los e cada vez com mais experiência e conhecimento de causa. Ulysses Guimarães, um dos ferrenhos defensores da nossa democracia dizia o seguinte: "A grande força da democracia é confessar-se falível de imperfeição e impureza, o que não acontece com os sistemas totalitários, que se autopromovem em perfeitos e oniscientes para que sejam irresponsáveis e onipotentes." Então, vamos lá! Sacudir a poeira e exercitar mais uma vez nossa imperfeita e impura democracia.
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