Então você tinha sua casa toda arrumada,
Organizada
E eis que chega um estranho e bagunça tudo
Escancara seus armários
Revira suas gavetas
Arranha sua mobília
Diante do caos
Vem o desespero
Mas passada as primeiras horas
Você se dá conta de que só há uma coisa a se fazer:
Começar de novo
E tomar cuidado
Para que as coisas não fiquem tão bem arranjadas quanto antes
Sim
O estranho pode chegar para qualquer um
Desesperem-se
Mas também comemorem
E, sobretudo, não se enganem
O estranho não vem de fora
E também não brota de dentro
O estranho fica entre, à espreita
Basta um pequeno rasgo e ele emerge com força
Chegou o estranho
E se ele emergiu por uma pequena fresta
Não há como botá-lo pra dentro de novo
Esqueça!
Permita que ele escape
E faça dele matéria prima
O estranho é isso
É matéria prima
Para os que não se cansam de se reinventar
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Toda vez que pico couve
Me lembro do meu pai
Sempre que eu pedia
ele picava couve pra mim
Com a mão esquerda
Que usava para fazer tudo
Exceto escrever
(Foi obrigado pela professora
a escrever com a direita)
Nos últimos dias
A falta do meu pai
está especialmente presente
Interessante essa ausência/presença,
E meu entendimento
Que a saudade faz a ausência, presente
Já o amor mora ali no intervalo
Entre ausência e presença
Cozinhar me ajuda a fazer meus silêncios
Silêncios necessários
Fundamentais para encontrar comigo
Picando couve me lembrei de meu pai
E das perguntas
que eu hoje gostaria de lhe fazer
Então me veio o vazio
das respostas que ele não pode mais me dar
Mas o amor é um afeto poderoso
Que não mora exatamente na continuidade
Na completude
Na perfeição
Ele emerge exatamente nos intervalos
Nas falhas
Nas frestas que se abrem
No vazio
E diante do vazio
Descobri que, por amar
Sabia exatamente as respostas que meu pai me daria
Eu sabia...
Então, nesse buraco que se abriu
Meu pai veio me soprar pequenas verdades
E o buraco encheu-se de amor
Me lembro do meu pai
Sempre que eu pedia
ele picava couve pra mim
Com a mão esquerda
Que usava para fazer tudo
Exceto escrever
(Foi obrigado pela professora
a escrever com a direita)
Nos últimos dias
A falta do meu pai
está especialmente presente
Interessante essa ausência/presença,
E meu entendimento
Que a saudade faz a ausência, presente
Já o amor mora ali no intervalo
Entre ausência e presença
Cozinhar me ajuda a fazer meus silêncios
Silêncios necessários
Fundamentais para encontrar comigo
Picando couve me lembrei de meu pai
E das perguntas
que eu hoje gostaria de lhe fazer
Então me veio o vazio
das respostas que ele não pode mais me dar
Mas o amor é um afeto poderoso
Que não mora exatamente na continuidade
Na completude
Na perfeição
Ele emerge exatamente nos intervalos
Nas falhas
Nas frestas que se abrem
No vazio
E diante do vazio
Descobri que, por amar
Sabia exatamente as respostas que meu pai me daria
Eu sabia...
Então, nesse buraco que se abriu
Meu pai veio me soprar pequenas verdades
E o buraco encheu-se de amor
A vida também precisa de profundos silêncios
Porque, às vezes, não há nada mais a ser dito
E só nos resta esperar que o silêncio dê conta
Do que a palavra não foi capaz de expressar
Nessas horas é preciso suportar o vazio
Que é sempre pior que a dor
Porque a dor é plena de sentido
Mas o vazio é um buraco infinito
Que não adianta preencher com mentiras
E só o silêncio é capaz de encontrar algumas verdades
Meias verdades, obviamente
Que possam de novo dizer alguma coisa
Algo que nos pareça fazer sentido
A vida precisa sim, de profundos silêncios
Para ouvirmos as coisas que a tagarelice abafa
Para escutar o que está pra além do barulho da cidade
A vida precisa de profundos silêncios...
Porque, às vezes, não há nada mais a ser dito
E só nos resta esperar que o silêncio dê conta
Do que a palavra não foi capaz de expressar
Nessas horas é preciso suportar o vazio
Que é sempre pior que a dor
Porque a dor é plena de sentido
Mas o vazio é um buraco infinito
Que não adianta preencher com mentiras
E só o silêncio é capaz de encontrar algumas verdades
Meias verdades, obviamente
Que possam de novo dizer alguma coisa
Algo que nos pareça fazer sentido
A vida precisa sim, de profundos silêncios
Para ouvirmos as coisas que a tagarelice abafa
Para escutar o que está pra além do barulho da cidade
A vida precisa de profundos silêncios...
Das intensidades que a vida tem me oferecido
Escolhi não me esquivar
A fé que eu professo
Entende que a vida é uma experiência única
E que a covardia é o pior dos pecados
Porque tudo que se leva dessa vida
São as marcas que ela imprime em nosso corpo
Entendo que tudo que não faz marca no corpo
Não vale realmente a pena
E as cicatrizes mais fundamentais
São sempre as mais fundas
Doídas
As que eventualmente sangram
Só acredito na vida que nos arremessa
E nos corpos que carregam marcas
Do tempo
De dores
De amores
Porque o que vale no final das contas
É aquilo que nos esfola
E quem recua da vida por medo de se esfolar
Quem nega as marcas do tempo por medo de envelhecer
Vai ter que se haver um dia com o futuro
Um futuro a lhe cobrar histórias
A cada um será dada a oportunidade de inventar sua própria tragédia
E encená-la
Triste é aquele que não tem nenhuma ruga, marca ou cicatriz para exibir no palco.
É que a vida acontece aos saltos
mas não apenas quando estamos no ápice
também é vida o que acontece no limite do chão
É um erro acreditar que a vida é só aquilo que sentimos
quando estamos no ponto mais alto
e que a felicidade seria algo como flutuar eternamente
Não fomos equipados com asas!
Viver é a arte de manter a coragem de saltar
mesmo sabendo que em seguida
teremos que voltar de novo ao solo
É compreender que, sem colocar os pés no chão,
seria impossível saltar novamente
mas não apenas quando estamos no ápice
também é vida o que acontece no limite do chão
É um erro acreditar que a vida é só aquilo que sentimos
quando estamos no ponto mais alto
e que a felicidade seria algo como flutuar eternamente
Não fomos equipados com asas!
Viver é a arte de manter a coragem de saltar
mesmo sabendo que em seguida
teremos que voltar de novo ao solo
É compreender que, sem colocar os pés no chão,
seria impossível saltar novamente